PREOCUPAÇÃO
CNI projeta impacto de R$ 648 milhões para Mato Grosso com tarifaço dos EUA
Patrícia Neves

Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela os primeiros impactos econômicos das tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A região Centro-Oeste, com forte presença do agronegócio, já registra prejuízos imediatos superiores a R$ 1,9 bilhão.
Mato Grosso lidera as perdas na região, com um impacto estimado de R$ 648 milhões. Goiás e Mato Grosso do Sul também são afetados, embora em menor escala. Apesar de Centro-Oeste, Nordeste e Norte serem regiões menos dependentes das exportações para os EUA, os efeitos da medida são significativos.
No Nordeste, Bahia (R$ 404 milhões), Pernambuco (R$ 377 milhões) e Ceará (R$ 190 milhões) estão entre os estados mais prejudicados. Já os menores impactos financeiros foram registrados em Roraima (R$ 13 milhões), Sergipe (R$ 30 milhões), Acre (R$ 31 milhões), Piauí (R$ 32 milhões) e Amapá (R$ 36 milhões).
Do ponto de vista da dependência comercial, Roraima aparece com apenas 0,3% de suas exportações voltadas aos Estados Unidos. Outros estados com baixa dependência são Mato Grosso (1,5%), Distrito Federal (2,6%), Piauí e Tocantins (ambos com 3%), Goiás (3,3%) e Rondônia (4,7%). Mesmo com essa baixa exposição, juntos esses estados somam perdas de R$ 1,87 bilhão.
“A imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes”, avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.
A CNI estima que, caso as tarifas entrem plenamente em vigor, o Brasil poderá perder ao menos 110 mil postos de trabalho. O impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do país pode chegar a uma retração de 0,16%. A economia global também sentiria os efeitos, com queda de 0,12% no PIB mundial e recuo de 2,1% no comércio internacional uma redução estimada em US$ 483 bilhões.