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LINGUAGEM NEUTRA

Após repreender professora, Abílio confronta ativista trans e diz que “todes é chocolate”

Maryelle Campos

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O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), protagonizou mais um episódio de confronto ideológico ao discutir com o ativista LGBTQIAPN+ e coordenador estadual do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), Julian Tacanã. O embate ocorreu na manhã desta sexta-feira (1º), durante um evento público, e foi marcado por ironias e desrespeito ao uso da linguagem neutra.

Durante a discussão, Abílio debochou do uso do pronome neutro e reforçou que não permitirá a adoção da linguagem em eventos oficiais da Prefeitura. O prefeito chegou a se referir ao ativista, que é um homem trans, utilizando o pronome feminino “ela”.

Tacanã reagiu prontamente: “Eu não sou ela, eu sou um homem trans. Sou uma pessoa trans que usa ‘ele’, mas há pessoas não binárias que usam ‘elu’”, explicou.

Ainda em tom irônico, Abílio questionou em qual dicionário estaria registrada a palavra “todes” e ironizou: “Todes é chocolate”, fazendo referência ao achocolatado da marca Toddy. O prefeito também reiterou que considera a linguagem neutra inexistente e afirmou que não permitirá o uso do pronome em eventos institucionais.

O bate-boca acontece na mesma semana em que Abílio Brunini foi acusado de ter interrompido e “expulsado” a professora e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), Maria Inês da Silva Barbosa, durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde. A docente foi repreendida pelo prefeito por utilizar o termo “todes” em sua fala, que abordava políticas públicas e participação social no Sistema Único de Saúde (SUS).

Após o episódio, Maria Inês se retirou do evento. Em resposta, diversas entidades emitiram notas de repúdio contra a atitude do gestor. Julian Tacanã, que também se manifestou em apoio à professora, classificou a postura de Abílio como desrespeitosa: “Primeiro com a população LGBTQIAPN+. Segundo, com a professora”.

A polêmica gerou forte reação de setores ligados à educação e à saúde. O Pauta Gênero — Observatório de Comunicação e Desigualdades de Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) — também publicou nota de repúdio, classificando a conduta de Abílio como “intolerável”.

“O Pauta Gênero repudia a atitude intolerável do gestor municipal contra a docente, atacando o direito de expressar sua manifestação respeitosa à comunidade LGBTQIAP+, historicamente discriminada nesta capital e no estado de Mato Grosso. O gesto de Maria Inês não apenas se alinha ao direito à liberdade de expressão, como reflete a impossibilidade de excluir pessoas LGBTQIAP+ do próprio tema da conferência”, diz o comunicado.

Mesmo diante da repercussão negativa, o prefeito publicou o vídeo do confronto em seu perfil no Instagram e reforçou sua posição: “Não vamos aceitar que palestrantes ou representantes do município façam militância ideológica do pronome neutro em nossos eventos. Vamos defender a língua portuguesa”, escreveu na legenda.

 

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