ESQUEMA DESMANTELADO
Investigado com renda de R$ 90 mil movimentou R$ 7 mi do tráfico de drogas
Da Redação
Durante a deflagração da Operação Datar, nesta quinta-feira (14), o delegado Eduardo Ribeiro, da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (Denarc), revelou que um dos alvos da operação declarou uma renda anual de apenas R$ 90 mil, mas movimentou R$ 7 milhões em suas contas bancárias, sem qualquer justificativa legal.
A movimentação, segundo o delegado, é apenas um dos exemplos da estrutura de lavagem de dinheiro desvendada na operação, que mira valores oriundos do tráfico de drogas. Ao todo, mais de R$ 185 milhões passaram por contas bancárias ligadas a pessoas físicas e jurídicas ligadas ao esquema, sem lastro financeiro compatível.
“Foram identificadas movimentações desde R$ 20 mil até transações de R$ 1 milhão ou mais. A pessoa com renda de R$ 90 mil movimentando R$ 7 milhões é o retrato da fraude”, afirmou Ribeiro.
A operação, que cumpriu 67 ordens judiciais em Mato Grosso e outros estados, tem como foco o rastreamento e bloqueio de bens e valores utilizados na lavagem de dinheiro. O delegado explicou como os investigados injetavam o dinheiro ilícito no sistema legal:
“O dinheiro do tráfico, geralmente recebido em espécie, era inserido em empresas criadas para isso. Essas empresas não tinham capacidade real de gerar o volume de dinheiro movimentado, mas serviam como fachada. Assim, o dinheiro sujo saía ‘limpo’ como se fosse lucro empresarial.”
O delegado confirmou ainda a participação de empresários e empresas no esquema, além de pessoas de fora do estado. A investigação é desdobramento de um trabalho iniciado em 2019 e deve ter novos desdobramentos nos próximos meses.
“As investigações seguem. O foco atual é a lavagem de dinheiro, mas o grupo está vinculado diretamente ao tráfico e associação para o tráfico de drogas”, concluiu.
O esquema:
Entre os envolvidos no esquema, estão alvos que moram nos municípios de Cuiabá e Primavera do Leste, além de investigados residentes em São Paulo e Mato Grosso do Sul. As investigações apontam que os membros do grupo criminoso movimentavam valores que ultrapassam R$ 185 milhões relacionados à atividade do tráfico.
Do total de sete mandados de prisão, seis foram cumpridos, além de 11 medidas cautelares diversas da prisão, 14 mandados de busca e apreensão domiciliar, 19 ordens de bloqueio de contas bancárias e o sequestro de 16 veículos automotores. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá.
Durante as investigações, constatou-se que diversos alvos da operação, incluindo familiares, movimentavam valores expressivos por meio de contas próprias, sem qualquer lastro documental ou origem lícita comprovada. Parte dos recursos eram fracionados em pequenas quantias e transitavam entre contas de pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de ocultar e dissimular a real origem do dinheiro.