APÓS DENÚNCIA DE FELCA
Abílio critica tentativa de regulamentação das redes sociais por Lula: “Precisamos que as leis existentes entrem em vigor”
Patrícia Neves e Thalita Amaral

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, se posicionou de forma crítica à nova investida do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para regulamentar as plataformas digitais. O projeto de lei que trata do tema ganhou força nos últimos dias após o influenciador Felipe Bressanin, conhecido como Felca, publicar um vídeo denunciando suposta exploração de menores por parte de outro influenciador, Hytalo Santos.
A proposta, que está em análise no Palácio do Planalto, é dividida em duas frentes: uma voltada ao controle de conteúdo nas redes sociais (formulada pelo Ministério da Justiça) e outra relacionada à regulação financeira das big techs (desenvolvida pelo Ministério da Fazenda). Um dos principais focos é a proteção de crianças e adolescentes.
Para Abílio, a proposta é uma tentativa repetida do governo petista de controlar o ambiente digital e não resolver os verdadeiros problemas. “Então, é… ele vai tentar um projeto que ele já tentou outras vezes. Tentou com o PL 960, quase no meio do primeiro ano de mandato, não deu certo e vai tentar novamente. Não vai dar certo. Porque o que nós precisamos não é a regulamentação das redes sociais. O que nós precisamos é que as leis que existem entrem em vigor”, afirmou o prefeito.
Sobre o vídeo de Felca, Abílio também descartou que ele possa justificar ou embasar novas leis. “Acho que esse vídeo do Felca pode ajudar o governo nesse projeto? De modo nenhum. Entenda bem: não é só a questão do vídeo do Felca. A Polícia Civil não prendeu a pessoa lá? A Polícia Federal não fez a operação? Então as instituições funcionaram para coibir aquela situação”, disse.
O prefeito relembrou ainda que a influenciadora Antônia Fontenelle já havia feito denúncias semelhantes anteriormente, mas foi censurada pela Justiça. “Demorou, né? Porque a Fontenelle já tinha denunciado isso no passado. E quando ela fez isso, entraram na Justiça contra ela e fizeram arrancar o vídeo dela. Você lembra disso? Por que que a denúncia da Fontenelle não podia ser acatada? Porque ela é de direita? O vídeo do Felca não é o primeiro sobre o assunto, e nem sobre as mesmas pessoas”, criticou.
Além disso, Abílio questionou a imparcialidade do Judiciário e a suposta seletividade nas interlocuções do Supremo Tribunal Federal (STF) com influenciadores digitais.
“Reuniram só com influencers de esquerda, né? Nenhum influencer de direita. Todos os que estavam lá votaram no Lula. Então é fácil você fazer uma reunião só com quem concorda. E quem discorda, não participa da reunião. Onde está a democracia?”, indagou.
Ele também comparou críticas que recebeu por suas próprias posições políticas:
“Eu, aqui, como alguém de direita, por um posicionamento político ou por defender a língua portuguesa, fui acusado de não estar agindo democraticamente. Mas eles fazem reunião apenas com quem concorda com eles e isso é chamado de democracia?”, concluiu.