PAGOU R$350 MILHÕES DE DÍVIDAS
“Organizar e depois buscar investimentos”, diz Abilio ao justificar cancelamento de empréstimo
Patrícia Neves

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou nesta terça-feira (19) que a anulação da autorização para contratação do empréstimo de R$ 139 milhões, aprovada pela Câmara Municipal, é uma medida de responsabilidade fiscal. O cancelamento da Lei Complementar 546/2024, que havia sido aprovada durante a gestão Emanuel Pinheiro (MDB), atendeu a um pedido formal feito pelo próprio Executivo municipal.
Segundo Abilio, não é o momento adequado para o município contrair novas dívidas, especialmente em um cenário de fragilidade fiscal herdado da gestão anterior. Ele citou, inclusive, que a nota de classificação de crédito da Prefeitura chegou a ser suspensa nos sistemas federais, impedindo operações com instituições financeiras.
“Depois daquela época em que se tentou contratar os R$ 139 milhões, a nota da prefeitura, que é como se fosse um Serasa do setor público, chegou a ser suspensa. Isso aconteceu por falta de prestação de contas e outros problemas. Tudo isso dificultou qualquer negociação com o Banco do Brasil”, explicou o prefeito.
Abilio também destacou que o município já quitou cerca de R$ 350 milhões em dívidas somente neste ano e que o foco atual da gestão é equilibrar as finanças e restabelecer a credibilidade fiscal da cidade. Ele reforçou que não é contra empréstimos, mas defende que eles só sejam buscados quando a situação financeira estiver regularizada.
“Não faz sentido você estar com as contas desorganizadas e sair pegando mais empréstimos. É como alguém que está endividado e ainda assim quer mais crédito. Primeiro, arruma a casa, bota as contas em dia, e só depois parte para novos investimentos”, pontuou.
O prefeito ainda adiantou que está trabalhando no envio de projetos à Câmara para refinanciar dívidas com o INSS, FGTS e outros tributos, que não foram pagos em 2023 e parte de 2024. Ele reforçou que a prioridade, neste momento, é garantir uma gestão eficiente e responsável.
“A prefeitura não precisa desse empréstimo agora. E se for para tomar crédito, que seja com melhores condições: juros mais baixos, prazo mais favorável e valor adequado à execução das obras. Esse empréstimo de R$ 139 milhões, nas condições em que foi proposto, seria pesado demais para a realidade de Cuiabá”, completou.
Com a revogação da autorização, fica suspensa a contratação do crédito que seria destinado a obras como a finalização do Contorno Leste, a segunda fase do Mercado do Porto e a instalação de uma usina fotovoltaica para atender prédios públicos.