Tensão marca sessão sobre privatização da educação; Abílio deixa dispositivo após uso de pronome neutro

A sessão que discutiu a possível privatização da rede pública municipal de ensino de Cuiabá foi marcada por momentos tensos e polêmicos na noite desta terça-feira (9). O prefeito Abílio Brunini (PL) chegou a dizer que iria se retirar da audiência caso os participantes continuassem com discursos políticos. A audiência foi realizada na Câmara Municipal de Cuiabá e foi proposta pelo vereador Mário Nadaf (PV).

Em um dos momentos mais controversos, o chefe do Executivo chegou a se levantar do dispositivo de autoridades após a representante do Conselho da Mulher do Estado de Mato Grosso, Leiriane Cristina Borges, utilizou a linguagem neutra para cumprimentar o público presente.

“Olha só, entendo que estamos em um ambiente politizado. Minha preocupação é que, se for apenas questão de discurso e posicionamentos desse tipo, não vejo motivo para continuar presente ouvindo discursos e narrativas. Se for para perguntas e respostas, estou à disposição. Caso contrário, eu vou embora. Não é que eu não queira ouvir, mas eu tenho tempo que precisa ser melhor aproveitado. Se apresentarem perguntas, farei questão de respondê-las”, declarou o prefeito.

Na sequência, Leiriane teve três minutos para questionar o gestor municipal. “A todas as mulheres, a todos os homens e a todes que estão aqui presentes, gostaria de perguntar: Prefeito, ao dizer que parte do setor público deve ser entregue à iniciativa privada, isso não revela a incapacidade de um gestor de administrar, de gestar, o município? Acredito que o prefeito tenha condições em todas as esferas. E foi dito aqui, também na tribuna, que na educação todas as funções são pedagógicas”, afirmou a conselheira.

Antes que ela concluísse sua fala, o prefeito levantou-se do dispositivo, cumprimentou o vereador Mário Nadaf — proponente da audiência — e, na sequência, o vereador Daniel Monteiro, saindo do local.

Após três participantes formularem questionamentos,  o prefeito Abílio foi a tribuna para responder por ordem sequencial. Para Leireane, disse: “estou falando de uma PPP para manutenção predial. O que pude observar na primeira fala é que existem duas palavras erradas. Todes não existe. E,  ‘gestar’ não é uma palavra correta nesse contexto. Vamos gerir e administrar melhor os recursos. Se vamos falar da educação que seja da forma correta”, declarou.

Vídeo Reprodução RepórterMT