VETO MANTIDO
Votação de veto sobre exames para mulheres gera bate-boca e suspensão de sessão na Câmara; Vídeo
Patrícia Neves
O processo de votação do veto ao projeto de autoria do vereador Dídimo Vovô (PSB), que assegura às mulheres com mama densa o direito de realizar exames de ressonância magnética, gerou bate-boca na sessão desta quinta-feira (11), na Câmara Municipal de Cuiabá. Dídimo e a vereadora Michelly Alencar (União) acabaram discutindo. O bate-boca terminou em “dedo em riste” e com a sessão suspensa por cinco minutos.
A confusão começou após o vereador Pastor Jeferson (PSD) defender a derrubada do veto pelas parlamentares. Ele chegou a afirmar que as mulheres da Casa iriam votar em peso pela derrubada. A fala gerou forte repercussão entre as parlamentares. “Teremos uma votação orientada pelo Executivo, por aquele que não humanizou e que promove vergonha e constrangimento a essa mesa diretora, formada por mulheres. Sei que a senhora defende às mulheres, Paula Calil. Hoje vai ser de goleada vamos derrubar esse veto. Não posso acreditar que uma mulher consiga defender algo que seja contra a vida das mulheres”, disse o vereador.
Michelly rebateu: “nem tente querer imprimir nas mulheres uma impressão de que votar contra esse projeto é não defender a bandeira da saúde da mulher. Então quero me colocar nesse posicionamento e vou repetir, já que o óbvio precisa ser dito, uma das vereadoras que mais defende mulheres é que todas, né? Não vou excluir nenhuma porque todas nós levantamos essa bandeira pelo fato de sermos mulheres e porque atuamos, atuamos incisivamente diariamente, na defesa da vida, da saúde, do respeito, da equidade e esse projeto, senhores, ele não trata de garantir mamografia mulher, ele trata de ressonância magnética em casos de mamas densas, ok?”, disse Michele.
Na sequência, deu continuidade ao raciocínio. “Por que eu vou aprovar algo que já existe? Aqui nós trabalhamos, senhores, com aquilo que precisa ser muito claro. Eu vou fazer uma lei que, claramente, tem um vício de iniciativa que o parlamentar pode contribuir, sim, indicando a sua emenda e eu vou criar uma lei garantindo um serviço que já existe? Não tem lógica. Então, eu quero dizer que a mesma vereadora que deu um parecer ontem é a vereadora que está dando voto hoje. Sou contra a educação? Não. Sou contra a vigilância na escola? Não. Do mesmo jeito que sou a favor da saúde da mulher e o senhor, vereador Jefferson, que gosta de citar o nome de todo mundo, e quando uma mulher está falando, o senhor não consegue ficar ao lado, é só o senhor que cair na tua? Eu vou continuar dizendo que não vai colar essa e não pode dizer que mulher não defende mulher.”
Municiado com um celular, então, o vereador Dídimo se levantou, foi até a frente da tribuna gravando e apontando o dedo indicador para a parlamentar, que rebateu. Por determinação da presidente da Casa, a sessão foi suspensa.
Mais tarde, com a retomada dos trabalhos, a presidente Paula Calil (PL) chamou a votação do veto, mas Dídimo não se manifestou. Na sequência, tentou pedir a palavra para debater a matéria, o que foi negado por Paula, que já havia aberto o processo de votação.
Ele chegou a pedir para discutir a matéria, e Paula Calil disse que já havia iniciado a votação. “Eu fiz o chamamento em discussão, momento de votação. E o senhor não se manifestou no momento certo.” Dilemário Alencar chegou a tentar intervir, mas Paula explicou que só poderia reabrir a discussão caso cancelasse o processo de votação já em andamento.
Por 14 votos, o veto do Executivo foi mantido sob o argumento de que não se pode garantir um serviço que já existe.