SEM NECESSIDADE
Prefeitura reafirma oferta de exames e anuncia ressonância própria no São Benedito após polêmica na Câmara
Kamila Araújo

Em meio à polêmica sobre um projeto de lei que trata do direito de mulheres com mama densa realizarem exames de ressonância magnética, a Prefeitura de Cuiabá reforçou nesta semana que os exames de mamografia e ressonância já são ofertados pelo município, seguindo critérios médicos estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A secretária municipal de Saúde, Danielle Carmona, esclareceu que a ressonância magnética é um exame de alta complexidade e que sua solicitação independe da densidade mamária, desde que haja recomendação técnica por parte do médico responsável.
“A ressonância já é ofertada na rede pública. Independentemente de ser mama densa ou não, se o médico entender que há necessidade, o exame é solicitado”, explicou Carmona.
Nova estrutura no Hospital São Benedito
Atualmente, os exames são realizados por meio da empresa terceirizada IMEDI Diagnóstico por Imagem, mas a gestão municipal se prepara para assumir diretamente o serviço a partir do próximo mês, com a instalação de um novo aparelho de ressonância magnética de 3 Tesla no Hospital Municipal São Benedito (HMSB) — o primeiro equipamento próprio do município.
Além disso, o hospital passará a contar com um novo tomógrafo de 64 canais, que substituirá o modelo atual, de 16 canais, dobrando a capacidade de atendimento e aumentando a precisão dos diagnósticos.
“Esse será um marco para Cuiabá. Pela primeira vez teremos um equipamento próprio de ressonância magnética na rede pública”, afirmou a secretária.
Fila para mamografia e critérios para ressonância
Segundo Carmona, não houve interrupção de serviços. O município mantém três prestadores de serviço para mamografia, exame de rotina obrigatório para mulheres acima dos 40 anos, e que hoje conta com uma fila de cerca de 10 mil pacientes.
A secretária reforça que ressonância magnética e mamografia são exames diferentes e que a indicação da ressonância depende da análise clínica, do histórico da paciente e de exames prévios.
“Ressaltamos que a mamografia é de rotina, enquanto a ressonância exige critérios técnicos. Não é solicitada indiscriminadamente, e sim com base em avaliação médica”, pontuou.
Discussão acalorada na Câmara de Cuiabá
A discussão ganhou visibilidade após um bate-boca entre os vereadores Dídimo Vovô (PSB) e Michelly Alencar (União), durante a votação de um veto ao projeto de lei que garantiria às mulheres com mama densa o direito de fazer a ressonância magnética pelo SUS.
Dídimo defendia a derrubada do veto do Executivo, enquanto Michelly votou pela manutenção, alegando que a proposta apresentava vício de iniciativa e tratava de um serviço que já é oferecido pelo município. O debate terminou com clima tenso, “dedo em riste” e suspensão da sessão.