PESQUISA DO SEBRAE
Catadores de materiais recicláveis recebem menos que o salário mínimo em MT, aponta pesquisa
Da Redação

Pesquisa desenvolvida pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) aponta que os catadores de materiais recicláveis recebem, em média, R$ 1.147,73 por mês – cerca de 24,3% a menos que o valor do salário mínimo. O estudo também revela que a renda mensal varia de acordo com as flutuações do mercado, o que aumenta a vulnerabilidade financeira da categoria.
Segundo o levantamento, a maioria dos catadores (69%) é formada por homens, com idades entre 35 e 54 anos, e com baixa escolaridade, em que apenas 33% concluíram o ensino médio. O acesso limitado à informação faz com que apenas 12% destes trabalhadores conheçam programas e legislações relacionadas à reciclagem.
De acordo com a analista Técnica Jaqueline Trentino, responsável pelo estudo, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos catadores é o baixo valor pago pelos materiais recicláveis. “Cerca de 77% dos participantes afirmam que esta realidade compromete diariamente a sustentabilidade financeira, mesmo para quem trabalha longas jornadas”.
Segundo ela, para 39% dos entrevistados, outra dificuldade é a falta de um espaço adequado para fazer a triagem e armazenamento do material coletado. “Isso traz desafios para a produtividade, a segurança e a qualidade dos recicláveis”, destaca Trentino.
Programa Pró-Catadores
No começo deste ano, o Sebrae/MT lançou o programa “Pró-Catadores”, com o objetivo de fortalecer a cadeia de produtiva por meio da conexão e transformação de três atores principais: órgãos públicos, cooperativas e profissionais do setor. Atualmente, a iniciativa já contempla os três biomas do estado (Amazônia, Cerrado e Pantanal) e está presente em dez cidades, sendo elas: Cáceres, Cláudia, Colíder, Conquista D’Oeste, Jaciara, Juara, Lucas do Rio Verde, Nossa Senhora do Livramento, Nova Mutum e Tangará da Serra.
Até 2026, a meta é atender 300 profissionais, oferecendo capacitações e orientações sobre regularização e sustentabilidade financeira, como explica a analista Técnica Danielle de Jesus. “Estamos trabalhando para que esses profissionais possam atuar de forma competitiva e extrair lucratividade desse serviço que é tão importante para a nossa realidade, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade. Desenvolvemos ações de atendimento com prefeituras, cooperativas e profissionais, sobre gestão de resíduos e educação ambiental. O Sebrae Mato Grosso conta com o apoio dos órgãos públicos e dos empresários locais para fomentar parcerias e contratos de compra com os catadores”, pontua.
Para o gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae/MT, Sandro Rossi, o programa representa um incentivo à economia circular no estado. “Quando a equipe do Centro Sebrae de Sustentabilidade elaborou este projeto em conjunto com nossa equipe, identificamos que a gestão de resíduos sólidos e a reciclagem estão no centro do debate global sobre sustentabilidade e transição para uma economia de baixo carbono. Em Mato Grosso – marcado pela forte atividade agroindustrial e pelo crescimento urbano acelerado – a logística reversa e a economia circular enfrentam desafios estruturais, culturais e econômicos, mas, que podem ser superados”, afirma.
Pesquisa
A pesquisa foi realizada entre 4 de julho a 2 de agosto de 2025, por meio de entrevistas telefônicas e presenciais, com 352 catadores de resíduos. O estudo apresenta uma taxa de confiança de 95% e margem de erro de 4%.