MORTA COM 6 FACADAS
Promotora exibe vídeo do feminicídio e rebate lágrimas do réu: “Cadê o homem que xingou a vítima nas redes?”
Da Redação

O julgamento de Wendel dos Santos Silva, acusado de assassinar a noiva Lediane Ferro da Silva a facadas em abril de 2023, entrou na manhã desta quinta-feira (18) na fase de debates entre acusação e defesa, no plenário do Fórum da Comarca de Peixoto de Azevedo. A promotora de Justiça Andreia Monte Alegre Bezerra de Menezes abriu sua arguição com um recurso forte: exibiu aos jurados o vídeo do momento em que a vítima é brutalmente atacada pelo réu.
“Uma imagem vale mais do que mil palavras”, disse a promotora, ao iniciar sua fala. As imagens, fortes e impactantes, mostram Wendel desferindo diversas facadas em Lediane na cozinha da residência, no momento em que ela se preparava para almoçar. Em seguida, o filho da vítima aparece, e o réu o ameaça com a faca antes de retomar os golpes e pisar no corpo de Lediane.
Durante 1h30 de discurso, a promotora conduzirá um relato enfático e emocional, relembrando o perfil de Lediane, mãe, trabalhadora, arrimo de família e querida na comunidade, e contestando a tentativa de Wendel de se apresentar como vítima de humilhações. “É muito fácil vir aqui e falar mal de quem não está mais para se defender”, criticou.
Ela relembrou ainda o comportamento de Wendel após o crime, quando fugiu para o mato e fez publicações nas redes sociais criticando a Lei Maria da Penha e xingando a vítima.
“Cadê aquele homem que escreveu que a Lei Maria da Penha é a ‘lei dos infernos’? Cadê aquele que chamou Lediane de tudo nas redes? É o mesmo que hoje chora aqui no tribunal, tentando convencer vocês de que era um bom companheiro?”, questionou a promotora aos jurados.
A acusação também reforçou que Lediane havia pedido ajuda à filha do réu para terminar o relacionamento, e que estava tentando romper o ciclo de violência. Relembrou ainda o episódio do “mata-leão”, ocorrido dois meses antes do assassinato, além de outros casos de violência doméstica envolvendo o réu, citados pelo próprio durante o julgamento.
Em um dos trechos mais emocionantes, a promotora se dirigiu ao filho da vítima, Gustavo, que presenciou o crime e foi ameaçado:
“Pro Gustavo (filho da vítima), eu sei do seu sofrimento. A sociedade de Peixoto sabe do seu sofrimento. Dona Maria perdeu uma filha morta a facadas. O sofrimento é de quem ficou. O Tribunal do Júri é o palco da justiça do povo”, disse, pedindo que os jurados votem com responsabilidade e consciência.
A defesa do réu, representada pela advogada Tatiane Ferreira, se pronunciará na sequência. A expectativa é que o julgamento seja encerrado ainda nesta quinta-feira.