
Em um relato comovente prestado à Polícia Civil, a vítima R., de 29 anos, relatou meses de ameaças, perseguições e violência psicológica praticadas por seu ex-marido, Marcos Vieira de Souza, preso na tarde de sexta-feira (19), após ele provocar um incêndio na casa da ex.
Segundo depoimento registrado na Delegacia da Mulher, R. declarou estar separada de Marcos há cerca de oito meses e, desde então, vinha sendo ameaçada de forma anônima por meio do aplicativo Telegram, inclusive com mensagens alertando que sua casa seria incendiada. Em uma das mensagens, o autor teria usado a identidade falsa de uma suposta mulher de policial, exigindo provas de um relacionamento extraconjugal inventado.
No dia 19 de setembro, por volta de 12h20, enquanto lavava louça em sua nova residência – para onde havia se mudado dois dias antes tentando proteger a si e ao filho – R. percebeu movimentações suspeitas pela janela e, segundos depois, notou que a casa estava pegando fogo.
Ela correu até o quarto onde seu filho de três anos dormia, o retirou do imóvel e conseguiu escapar antes que as chamas tomassem todo o local. “Só sobrou a roupa que estava no corpo, perdemos tudo, até os documentos”, declarou a vítima.
Um vizinho identificado como Jorge, dono de uma lanchonete próxima, ajudou no resgate e forneceu imagens de câmeras de segurança que comprovam que o responsável pelo incêndio foi o ex-marido, Marcos Vieira de Souza. A vítima também reconheceu o autor pelas mensagens enviadas e confirmou que estava com o portão da casa sempre trancado devido às ameaças, mas, no momento do incêndio, ele havia sido arrombado.
Em seu depoimento, R. revelou que o relacionamento chegou ao fim após descobrir traições por parte de Marcos, e que ele nunca aceitou o término. Afirmou ainda que, no dia 16 de setembro, recebeu uma ameaça explícita por mensagem dizendo:
“Gostou do que eu fiz, R.? Está pronta para acabar com isso?”
A mensagem foi seguida por outra:”Para você, eu sou a morte de tudo que você teve, tem ou terá se não fizer o que estou falando.”
Além disso, o autor teria enviado fotos da própria casa, ameaçando incendiá-la também, caso Rute voltasse a acionar a polícia.
Em uma tentativa cínica de manipular os fatos, Marcos se apresentou à Delegacia da Criança e do Adolescente (Deddica) para registrar uma ocorrência contra a ex-esposa e possivelmente tentar obter a guarda do filho. No entanto, foi lá mesmo que ele acabou preso pela Polícia Militar, após as investigações confirmarem sua autoria no atentado.
Durante o depoimento, R. afirmou estar em estado de pânico e solicitou medidas protetivas de urgência, temendo pela própria vida e pela do filho. Ela foi orientada quanto aos seus direitos e manifestou interesse em aderir ao aplicativo SOS Mulher MT e ao programa de apoio da Patrulha Maria da Penha, mas recusou, por enquanto, acolhimento em casa de amparo.
Marcos, que negou os crimes, permanece preso por tentativa de feminicídio.