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A guerra é outra

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A relação entre Estados Unidos e China sempre foi um dos eixos centrais da
economia global, mas no último ano entramos num novo capítulo fascinante e
complexo: a guerra comercial. O que começou com tarifas pontuais,
transformou-se numa disputa estratégica pela liderança tecnológica mundial,
onde as duas maiores potências econômicas do planeta travam uma batalha
silenciosa, mas intensa, que redefine cadeias de produção, mercados
consumidores e alianças internacionais. E é justamente neste cenário de
tensões e realinhamentos que o Brasil surge com oportunidades únicas que
podem transformar nosso futuro.

E no centro deste novo capítulo está a produção de tecnologia. Os Estados
Unidos, berço do Vale do Silício e de gigantes como Apple e Google, buscam
proteger sua vantagem inovadora e a segurança nacional, restringindo a
transferência de conhecimento para a China. Por outro lado, a China, que já
deixou para trás o rótulo de fábrica do mundo para se tornar uma potência em
inteligência artificial, 5G e biotecnologia, investe pesado para alcançar a
autossuficiência tecnológica. Esta disputa cria ondas de impacto por todo o
globo, afetando desde o preço dos componentes eletrônicos até a forma como
nos conectamos.

Paralelamente, o imenso mercado consumidor de ambos os países sofre
transformações, já que as tarifas encarecem os produtos, levando empresas a
buscarem fornecedores alternativos e os consumidores a repensarem seus
hábitos. Enquanto isso, a necessidade de alimentar suas populações mantém os
dois gigantes como os maiores importadores de grãos do mundo.

E aqui reside uma das mais brilhantes oportunidades para o Brasil. Somos um
dos poucos países com capacidade comprovada para aumentar a produção
agrícola de forma sustentável, fornecendo soja, milho e proteína animal para
abastecer tanto o mercado chinês quanto o norte-americano, e esta posição
privilegiada vai além da simples exportação de commodities.

A guerra comercial acelera a necessidade de diversificação das cadeias de
suprimentos globais. Muitas empresas estão buscando operar em países neutros
e estáveis para evitar os riscos das tarifas. O Brasil, com seu setor
agroindustrial desenvolvido, seu potencial energético renovável e uma
indústria que pode se beneficiar de investimentos em tecnologia,
apresenta-se como um parceiro confiável e estratégico e de longo prazo, mas
para aproveitar esta janela de oportunidade, precisamos de uma estratégia
clara.

Em primeiro lugar, fortalecer nossa diplomacia econômica, mantendo relações
positivas com ambos os lados, sem nos alinharmos automaticamente a nenhum
dos blocos. Em segundo, investir em infraestrutura logística e em inovação
no agronegócio, garantindo que nossa produção seja não apenas abundante, mas
também eficiente e de alta qualidade. E finalmente, precisamos atrair
investimentos que modernizem nossa indústria, permitindo-nos participar de
cadeias de valor mais complexas, indo além da exportação de matérias-primas,
o segredo é verticalizar.

O novo capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China não é
apenas uma disputa entre dois gigantes. É um convite para que o Brasil ocupe
um lugar de maior relevância no tabuleiro global.

Com uma agricultura pujante, um mercado interno em crescimento e uma posição
geopolítica equilibrada, temos todos os ingredientes para transformar este
momento de incerteza internacional numa alavanca para nosso desenvolvimento.
O desafio é grande, mas a oportunidade é histórica, e pode ser única.

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

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