MAIS DE 100 MORTOS
Delegado mato-grossense vê cenário de guerra no Rio e cobra presença contínua do Estado
Da Redação
O delegado mato-grossense Frederico Murta, que comanda a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil, defendeu uma resposta “planejada e contínua” do Estado para retomar o controle de áreas dominadas por facções criminosas no Rio de Janeiro.
Em análise sobre a Operação Contenção, realizada nesta terça-feira (28) e considerada uma das mais letais da história fluminense, Murta avaliou que o cenário de confrontos prolongados “se assemelha a uma situação de guerra”, o que exige estratégia, preparo técnico e respaldo institucional para proteger moradores e agentes de segurança.
A ação reuniu mais de 2,5 mil policiais civis, militares e federais, com apoio da Força Nacional, para cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho. O balanço oficial aponta 81 prisões e a apreensão de 93 fuzis, além da morte de quatro policiais.
Segundo Murta, o volume de armamento encontrado “é surreal” e demonstra o avanço tecnológico e logístico das facções, que chegaram a usar drones e granadas em ataques coordenados.
O delegado também destacou que as barricadas erguidas nas comunidades materializam o poder paralelo exercido pelos grupos criminosos, controlando desde o acesso de pessoas até serviços básicos, como gás e telefonia. Para ele, a retomada desses territórios requer presença permanente do Estado e coordenação entre forças de segurança estaduais e federais.
“Quanto mais o crime se estrutura, mais difícil é reconquistar o território. Isso precisa ser enfrentado como um problema nacional, não apenas do Rio”, afirmou.
Além da dimensão operacional, Murta chamou atenção para o avanço da narcocultura — a idolatria a símbolos e personagens ligados ao tráfico — e defendeu uma reação social ampla, que envolva informação, educação e consciência cidadã.
“Eu tenho esperança de que o Brasil tome um rumo diferente. Quando houver estruturação do Estado e retomada de espaço, tudo começa a ficar mais claro”, disse.


