Nos últimos meses, a medicina testemunhou um marco silencioso, mas profundamente simbólico: a decisão da FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, de remover o alerta de “caixa preta” (black box warning) de determinadas terapias hormonais usadas na menopausa. Essa mudança, noticiada por grandes veículos internacionais como a NBC, representa mais do que uma atualização técnica; é o início de uma nova era para quem trabalha com reposição hormonal e para os pacientes que há anos convivem com o medo injustificado de que repor hormônio causa câncer.
Durante décadas, a reposição hormonal foi cercada por desinformação e estigma. Estudos antigos, como o Million Women Study, associaram o uso de hormônios ao aumento do risco de câncer de mama, o que levou a uma onda de pavor entre pacientes e até mesmo entre alguns profissionais. No entanto, a ciência evoluiu. Pesquisas recentes mostraram que o risco depende de inúmeros fatores, como o tipo de hormônio, a via de administração, o tempo de uso, a idade em que se inicia o tratamento e o histórico individual de cada paciente. Hoje sabemos que, quando bem indicada e acompanhada, a reposição hormonal não só é segura como traz benefícios imensos para a saúde física, emocional e metabólica. A decisão da FDA vem justamente para reforçar essa compreensão e para libertar médicos e pacientes de um medo que, por muito tempo, impediu mulheres de viverem plenamente.
Na prática clínica, isso muda muito. Como médica com conduta integrativa e especialização em Endocrinologia, Nutrologia, Tricologia e Estética Avançada, percebo diariamente o impacto que o equilíbrio hormonal exerce sobre o corpo, o metabolismo e a autoestima. Quando o paciente entende que repor hormônio não é sinônimo de adoecer, mas sim de cuidar do corpo com responsabilidade e consciência, tudo muda. Ele adere melhor ao tratamento, se envolve mais nas mudanças de estilo de vida e compreende que saúde, estética e bem-estar caminham lado a lado.
A reposição hormonal, quando feita de forma individualizada, pode auxiliar no controle do peso, na melhora da qualidade do sono, no equilíbrio do humor, na prevenção da osteoporose, na saúde cardiovascular e até na resposta de outros tratamentos estéticos e capilares. Em pacientes com lipedema ou disfunções metabólicas, manter os hormônios em níveis adequados reduz inflamações e favorece a resposta aos protocolos nutricionais e estéticos. Em mulheres na menopausa, devolve energia, libido e vitalidade. Tudo isso exige critério, exames atualizados e acompanhamento contínuo, sempre respeitando a individualidade de cada organismo.
A retirada do alerta pela FDA não significa que o tratamento seja isento de riscos; significa, sim, que ele deve ser visto com discernimento e ciência. O perigo não está no hormônio em si, mas no uso inadequado, sem orientação médica, com doses empíricas ou compostos de origem incerta. O caminho é outro: avaliação detalhada, escolha correta da via de administração, ajustes periódicos e uma escuta clínica atenta ao que o corpo expressa.
A grande conquista desse momento é a liberdade de olhar para a reposição hormonal sem preconceitos. Assim como tratamos hipertensão, diabetes ou disfunções da tireoide com base em ciência e acompanhamento, devemos tratar o desequilíbrio hormonal com o mesmo respeito e rigor. O medo foi substituído pela informação, a culpa pela consciência. E isso muda tudo.
Para quem atua com uma medicina integrativa, é uma reafirmação de propósito. Agora podemos seguir unindo o que sempre esteve conectado: hormônio, metabolismo, nutrição, estética e saúde emocional. E para o paciente, é o convite para retomar o protagonismo sobre o próprio corpo, com segurança, conhecimento e acompanhamento ético.
Repor hormônio não é sobre vaidade. É sobre vitalidade, qualidade de vida e longevidade. É sobre enxergar a medicina como aliada do bem-estar, e não como um conjunto de proibições. A decisão da FDA apenas confirmou o que a boa prática clínica já mostrava há muito tempo: quando conduzida com consciência, a reposição hormonal não causa câncer. O que ela causa, na verdade, é transformação — da saúde, da energia e da forma como cada pessoa se reconecta com a própria vida.
Médica pós-graduada em Endocrinologia, Nutrologia e Tricologia, e apaixonada pela Medicina Estética e Capilar, a Dra. Renata tem uma visão ampla e integrativa sobre o corpo humano.
Renata Gabrielly ´é médica pós-graduada em Endocrinologia, Nutrologia e Tricologia, e apaixonada pela Medicina Estética e Capilar


