Mato Grosso desperdiça 44,9% da água tratada na distribuição e expõe desafio estrutural

Mato Grosso figura entre os estados que mais desperdiçam água tratada no país. Dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS, base 2023) revelam que o estado perdeu 44,9% da água distribuída antes que ela chegasse às torneiras. O Brasil desperdiça diariamente o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas de água tratada antes que ela chegue às torneiras. O cálculo faz parte do Estudo de Perdas de Água 2025, divulgado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) em parceria com a GO Associados. 

O percentual coloca Mato Grosso no grupo das unidades federativas que enfrentam desafios estruturais agravados, como tubulações antigas, baixa capacidade de detecção de vazamentos e insuficiência de investimentos contínuos em manutenção e tecnologia.

A análise comparativa dos indicadores estaduais mostra que as perdas não se distribuem de forma homogênea no país. Pelo contrário: refletem desigualdades históricas de infraestrutura, diferenças no porte dos sistemas de abastecimento, limitações financeiras e distintos níveis de maturidade operacional dos prestadores de serviço.

Estados que registram índices elevados tanto na perda na distribuição quanto na perda por ligação — caso de Mato Grosso — são os mais vulneráveis aos efeitos desse cenário. Entre as consequências estão o aumento do risco de intermitência no abastecimento, maior pressão sobre os mananciais e a necessidade de investimentos substancialmente maiores para recuperar a eficiência do sistema.

O diagnóstico reforça que reduzir perdas é mais do que uma meta técnica: trata-se de um fator decisivo para garantir segurança hídrica, sustentabilidade financeira do setor e melhor qualidade de vida para a população.