Maggi diz que redução de tarifas anunciada por Trump atende à pressão interna dos EUA e não é gesto ao Brasil

O ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quarta-feira (26) que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros não deve ser interpretada como um movimento diplomático a favor do Brasil. Segundo ele, a medida atende principalmente ao cenário de alta inflação interna enfrentado pela população norte-americana.

Blairo, que retornou dos Estados Unidos na noite de terça-feira, disse ter percebido o impacto direto da inflação sobre alimentos — segmento no qual o Brasil é um dos principais fornecedores. Para ele, isso explica a mudança repentina nas tarifas.
“Não creio que Trump tenha feito isso para agradar o Brasil. Ele fez para agradar a população dele, que está sofrendo com inflação alta, especialmente na alimentação”, afirmou.

O ex-ministro avaliou que, do ponto de vista nacional, a redução das tarifas “ameniza muito” a pressão sobre exportadores brasileiros, mas reconheceu que o impacto sobre Mato Grosso foi limitado, já que o estado não havia sido um dos mais prejudicados quando as cobranças foram impostas.

Blairo reforçou que o movimento dos EUA atende a uma lógica estritamente econômica.
“O mercado é soberano. Ele se ajusta sozinho. Não adianta editar decretos que contrariem o que o mercado aponta”, disse.

Questionado se a medida estaria mais relacionada à diplomacia brasileira ou a fatores internos dos Estados Unidos, Blairo foi categórico ao destacar o peso da inflação.
“Não tenho dúvida de que a alta de preços lá dentro fez o governo americano perceber que estava algo errado. A população estava pagando um valor que não deveria”, afirmou.

Para o ex-ministro, embora a diplomacia cumpra papel fundamental nas relações internacionais, as decisões de mercado — especialmente em períodos de pressão inflacionária — acabam tendo peso superior.