SEM RETIRADA DE INVASORES
“Remover 2 mil famílias seria injusto”, diz Abílio ao justificar mudança sobre o Contorno Leste
Da Redação
O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, esclareceu na manhã desta segunda-feira (1º) os motivos que o levaram a mudar a posição inicial e decidir pela regularização da área ocupada por cerca de 2,5 mil famílias no Contorno Leste. No domingo (30), ele anunciou que a Prefeitura irá atuar para garantir segurança jurídica e moradia às pessoas que vivem no local.
Questionado sobre a alteração de entendimento, já que no início havia sido mais rígido e defendido o cadastramento e possível realocação das famílias, Abílio afirmou que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, foi determinante. “A decisão suspendeu a remoção, mas não concedeu direito de permanência. Ela apenas deu prazo para nova análise da assistência social, um novo processo. Isso poderia levar anos para ser resolvido”, disse.
Segundo o prefeito, a indefinição prolongada traria ainda mais sofrimento às famílias. Por isso, optou por buscar uma solução definitiva. Ele relatou ter se reunido com os proprietários da área e garantiu que haverá indenização justa. “Eles têm outras terras e imóveis. Vamos fazer a desapropriação com valor adequado. A proprietária não será prejudicada financeiramente”, reforçou.
Abílio destacou ainda que o local carrega um trauma pela morte de um morador, o que dificultava tratativas anteriores, mas afirmou que não deixará as famílias na situação de insegurança em que se encontram. “Nós vamos pagar pelo imóvel e vamos regularizar quem está lá”, garantiu.
O prefeito também confirmou que recursos provenientes de regularizações, como a área do Aeroporto Bom Futuro, serão destinados ao processo do Contorno Leste. Ele citou ainda que invasões históricas acabaram por originar bairros consolidados de Cuiabá, como Altos da Serra, Dr. Fábio e Renascer, e defendeu que o Estado precisa atuar preventivamente para evitar novas ocupações irregulares.
Apesar disso, reconheceu que, diante da existência de quase 2,5 mil famílias no local, a remoção em massa seria inviável e socialmente injusta. “O caminho mais sensato é a regularização”, afirmou.
Sobre o cadastro das famílias, Abílio esclareceu que apenas quem não possui imóvel terá direito à futura titulação. “Quem já tem propriedade não será contemplado. Vamos priorizar quem realmente não tem onde morar. E quem construiu lá, mas vive de aluguel, será considerado morador de fato”, explicou.
Ele adiantou que lotes urbanizados também serão destinados a moradores de áreas de risco, especialmente com o período de chuvas intensas se aproximando. “Vamos continuar o parcelamento de lotes e ajudar outras pessoas. Cuiabá precisa avançar com responsabilidade social”, concluiu.



