DECISÃO POLÊMICA
“Invasão não é algo que o nosso Governo está compactuando”, afirma Mauro sobre o Contorno Leste
Thalyta Amaral
O governador Mauro Mendes (União) discordou publicamente da decisão do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), de regularizar a ocupação instalada na região do Contorno Leste. Segundo Mendes, “invasão não é algo que o nosso Governo está compactuando”.
A discussão sobre a área se arrasta há meses. A ocupação irregular — instalada em uma zona estratégica do Contorno Leste, principal obra de mobilidade em execução pelo Estado na Capital — tornou-se centro de disputas jurídicas e políticas após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a suspensão da remoção das famílias. No domingo (30), o prefeito Abílio anunciou que pretende regularizar o local e manter os ocupantes, sob o argumento de garantir segurança jurídica e evitar conflitos sociais.
Inicialmente, Mauro adotou um tom institucional ao comentar o assunto. “Prefeito Abílio, como qualquer prefeito, ele tem autonomia para tomar as suas decisões, está dentro do município dele, o Governo não tem nada que comentar em relação a isso”, disse o governador. Em seguida, porém, fez críticas indiretas à postura da Prefeitura ao comparar com a política estadual para casos de invasão.
“Nós estamos com um programa de tolerância zero contra invasão. No campo, 60 invasões aconteceram, 60 invasões foram neutralizadas por atuação da Polícia Militar junto com a Polícia Civil cumprindo a lei. Então o Governo tem uma política um pouco reticente com relação a qualquer coisa que envolve invasão”, afirmou.
Mauro ainda mencionou que levantamentos da Secretaria de Estado de Assistência Social indicam que a maioria das famílias não se enquadra em situação de extrema vulnerabilidade. “Já foi feito um levantamento lá, parece-me, eu não tenho um dado consistente, mas tem um levantamento de perfil social e é um número muito pequeno de quem realmente tem [necessidade]”, declarou.
O governador também criticou o histórico de ocupações em Cuiabá, afirmando que a prática persistente de invasões prejudica políticas públicas e gera instabilidade na gestão urbana. “Cuiabá, infelizmente, ainda tem essa prática. Deu um terreno, invade e aí cria toda essa confusão. O Governo do Estado tem um pouco de reticência com relação a fazer alguma coisa que estimule ou aponte que isso pode ser uma boa alternativa. Milhares de pessoas não têm casa e não invadem terreno”, enfatizou Mendes.



