POLÊMICA
Família dona da área do Contorno Leste descarta venda e diz que busca solução “sem confronto”
Da Redação
A família proprietária da área onde está instalada a comunidade do Contorno Leste afirmou, nesta terça-feira (2), na Câmara Municipal de Cuiabá, que não tem interesse na venda do terreno e que sempre buscou colaborar com uma solução pacífica para o impasse fundiário. A manifestação foi feita por José Antônio Ribeiro Pinto, filho de João Antônio Pinto, dono da área e que morreu durante o período de conflito na região.
Segundo José Pinto, a família nunca agiu para criar entraves à regularização das cerca de duas mil famílias que vivem no local. Pelo contrário, afirma que tentou contribuir oferecendo parte da propriedade para assentamento dos moradores.
“Quero externar que nunca tivemos o intuito do conflito. Nós somos vítimas – assim como muitas pessoas lá dentro também são vítimas, manipuladas. Para atender à vontade do meu finado pai, propusemos doar uma área de 5,7 hectares dentro da propriedade, numa parte nobre, livre de enchentes, para realocar as famílias conforme o relatório do Cidades Sustentáveis indicava”, disse.
Ele relatou que a família aguardou todos os trâmites legais e manteve diálogo constante com órgãos públicos, Ministério Público e Judiciário, mas que a Prefeitura de Cuiabá não aceitou a doação.
“O prefeito Abílio disponibilizou outra área, por critérios que desconheço. Ele não anunciou a área que oferecemos por medo de invasões, segundo foi nos dito. Esse medo não é nosso, é dos gestores”, afirmou.
José Pinto reforçou que a família deseja participar da construção da solução, mas pediu respeito à história e à dor que carregam, lembrando que seu pai morreu na propriedade, justamente no dia do aniversário da mãe.
“Meu pai era um homem humanista, trabalhador, pagador de impostos. Ele morreu de forma trágica naquela terra. Tivemos que comunicar a morte dele no dia do aniversário da minha mãe. Perdemos nossa força naquele dia”, declarou, emocionado.
Ele concluiu dizendo que a família não pede privilégios, apenas que sua trajetória seja considerada no debate sobre o futuro da área.
“Não quero pedir favor. Só peço que analisem a nossa história. Se for a vontade da maioria, vamos ter que aceitar, mas é preciso entender o que vivemos ali. A gente quer fazer parte da construção da solução, não do problema”, finalizou.



