MEDIAÇÃO
Crise no Contorno Leste: Calil denuncia isolamento da Câmara em decisões e tenta mediar impasse com família
Kamila Araújo
A presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, vereadora Paula Calil (PSD), afirmou nesta terça-feira que o Legislativo foi “excluído” das discussões que resultaram na autorização judicial para a desapropriação da área onde está o Contorno Leste. Segundo ela, embora a Câmara tenha solicitado participação formal no grupo que discute soluções fundiárias para a região, mas ficaram sabendo da decisão pela imprensa.
Calil defende que o Parlamento precisa integrar todas as etapas do processo, especialmente porque acompanha o caso desde o início da legislatura, inclusive em audiências públicas e ações de cadastro das famílias que ocupam o Ponto Norte.
Apesar disso, afirma que o Legislativo Cuiabano vai buscar uma intermediação entre a Prefeitura e a família proprietária do terreno, que já declarou não ter interesse em vender a área. Calil destacou que a família Pinto se mostrou disposta a doar 5,7 hectares para abrigar parte das famílias em situação de vulnerabilidade social, mas descartou qualquer possibilidade de venda totoal do terreno. Para ela, essa manifestação precisa ser considerada antes de qualquer decisão definitiva.
“A vontade da família tem que ser levada em consideração. Eles já se mostraram solidários ao doar 5,7 hectares. Estamos falando de mais de mil famílias na região, mas nem todas estão em vulnerabilidade. É preciso debater tudo isso”, afirmou.
Segundo Calil, os proprietários deixaram claro que “a área não tem preço” e que não aceitarão imposições. Ela reforçou que o papel da Câmara será tentar construir uma saída dialogada, evitando novas tensões.
A presidente criticou também a forma como o prefeito Abílio Brunini (PL) tem comunicado as ações sobre o caso. Para ela, medidas dessa relevância deveriam ser informadas oficialmente e debatidas com o Legislativo antes da execução. “O prefeito deveria ter conduzido de outra forma. É importante que a Câmara seja comunicada e participe. O diálogo é necessário”, disse.
Paula Calil reforçou que a Câmara não é favorável à invasão de propriedade privada, mas que tem atuado para buscar equilíbrio entre os direitos das famílias vulneráveis e os direitos dos proprietários.
“Precisamos ouvir todos os lados. Desde o início, acompanhamos esse processo, e continuaremos participando. O diálogo é fundamental.”



