FAKE EXPORT
Empresa alvo de operação sonegou R$ 35 milhões em impostos durante um ano
Thalyta Amaral e Nickolly Vilela
A SB Indústria e Comércio de Cereais Ltda., com sede no bairro Parque Ohara, em Cuiabá, sonegou entre 2022 e 2023 cerca de R$ 35 milhões em impostos, segundo a Polícia Civil. A empresa foi um dos alvos da Operação Fake Export, deflagrada nesta quinta-feira (4) para investigar fraudes tributárias envolvendo a venda de grãos.
De acordo com as investigações, a empresa emitia notas fiscais como se os grãos fossem destinados à exportação — operação isenta de tributos — mas, na prática, a comercialização ocorria dentro do território nacional, permitindo a sonegação dos impostos devidos. O esquema é conhecido como exportação fictícia ou fake export, prática que já levou à abertura de investigações semelhantes em outros estados por causar prejuízos milionários ao erário.
“Ela emitiu uma nota fiscal de um produto de grãos que supostamente seria exportado, só que isso é uma simulação. A operação de hoje tem como objeto justamente essa simulação de exportação, porque esse produto nunca chegou ao porto [para ser levado a outros países]”, explicou o delegado titular da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), Walter de Melo Fonseca Júnior.
O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira-MT) apura agora quem lucrava com a sonegação: se apenas a empresa investigada ou se havia participação de outros elos da cadeia, incluindo possíveis produtores rurais, atravessadores ou empresas de fachada utilizadas para dar aparência de legalidade às operações.
“A gente vai identificar quem é o real beneficiário agora com a análise desses dados que foram coletados pela Polícia Civil e Secretaria de Fazenda para serem alvo de auditoria”, declarou ainda o delegado.
A Operação Fake Export cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à empresa e a suspeitos de participação no esquema. Caso as fraudes sejam confirmadas, os envolvidos podem responder por crimes como sonegação fiscal, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro, além de serem obrigados a ressarcir os cofres públicos.



