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A Matrix do Zucka

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Quem acompanha um pouco o mundo da tecnologia observou as notícias sobre a mudança de nome do Facebook. Mark Zuckerberg, seu fundador, anunciou que a empresa agora se chama Meta Platforms. Seu próximo objetivo é criar o mundo que habitaremos, um tal de metaverso.

Você já escutou falar sobre? Se você ainda não entendeu bem o que é isso, deixa eu tentar ajudar.

Trarei um exemplo simplificado. Matrix, o filme. Aquele mesmo que o mocinho para as balas no ar. Ele tem que escolher entre duas pílulas, uma azul (para ficar na Matrix) e uma vermelha (para sair dela). Ele sai de um mundo “virtual”, a Matrix, para um mundo “real”. Lembrou? Esse aí mesmo. Então, o tal metaverso é a Matrix!

Pesquisadores e estudiosos da área, me permitam a licença poética de explicar o tema desta forma. Sei que a coisa é bem mais profunda. Porém, também é importante simplificar este, emprestando de Huxley, admirável mundo novo.

O metaverso é composto de um número grande de tecnologias. Um conglomerado de bits, bytes, códigos e números.

Uma tecnologia que compõe esse universo e já é um pouco conhecida de todos é a Realidade Virtual. Exemplifico um pouco o uso dela aqui, assim podemos observar o que será o futuro metaverso. Como praticamente tudo na tecnologia moderna, coisas que achamos novas, já existem em outros nichos há algum tempo. Nós apenas não sabíamos.

Cerca de vinte anos atrás eu estava na sala de aula ainda. Ouvia meu professor de realidade virtual, Dr. Claudio Kirner. Ele falava sobre a experiência de organizar o 1.º Workshop de Realidade Virtual no Brasil. No distante ano de 1997.

Recordo de ter assistido em alguma sessão da tarde um filme. “O Passageiro do Futuro”, de 1992. O roteiro é baseado em um conto de Stephen King que ambienta parte da trama em uma Realidade Virtual. Só compreendi completamente o conceito técnico do filme quando estava no início da faculdade. O cenário futurista parecia uma animação elaborada no Word Art.

Daquele cenário pobre de animações, evoluímos muito nos mundos digitais. Experiências de imersão virtual hoje são possíveis com óculos 3D que acompanham consoles de videogame. Criamos histórias que distraem crianças, usando esses óculos, enquanto elas vão tomar vacina. Cirurgias são planejadas com realidade aumentada, realidade virtual e até hologramas.

É possível passear por Londres, Paris, Madri, Tóquio e tantos outros lugares. Imergimos em suas imagens, com tamanha vivacidade, que julgamos estar fisicamente nestes locais. Chego até sentir o cheiro de uma baquete parisiense saindo do forno.

O futuro promete mais. Em pouco tempo, teremos, além da imersão visual, a imersão dos outros sentidos. Roupas com sensores táteis, olfativos e auditivos. Será possível vivenciar toda a experiência de um lugar sem estar fisicamente nele.

Essa quantidade de experiências diz respeito a contextos nos quais mergulhamos profundamente em mares não navegados. Então o que me parece estar em jogo aqui é a concepção de realidade.

Discuti-la não é assunto novo. Tratamos disso desde os antigos gregos até a moderna física quântica. A noção de realidade tem sido distorcida, desmontada, reconstruída e questionada. Por que se usa o “estar fisicamente” como sinônimo de real, especialmente, na esfera digital?

Por que a Matrix, que usei na explicação logo no início, não é uma realidade também?

O que os nossos olhos enxergam é real ou apenas uma junção de imagens que moldamos? É apenas uma narrativa criada para dar conforto cognitivo ao nosso cérebro?

Já estamos imersos em mundos digitais, diariamente. Valéria Barros, que escreveu essa matéria comigo, disse: “o contraponto do físico é o virtual, não o real, ambos são realidades. O metaverso são essas realidades justapostas”. Só aumentaremos as realidades, com tecnologias analógicas e digitais. No final, tudo é realidade.

E aí, vai uma pílula vermelha?

 

Vander Muniz  é executivo de tecnologia, empresário e estudante. Trabalha na área da computação se especializando em inteligência de negócios baseado em dados e em tecnologias como inteligência artificial e Big Data. Formado em Ciência da Computação, especializado em Neurociência, Bioinformática e Inovação. 

Valéria Barros é psicóloga de formação. É especializada em transformação cultural, inovação e futurista. Foi executiva de RH de diversas empresas multinacionais entre as quais Danone e Phillips. Morou na França, Chile, Rússia, Canadá e vários outros países.

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