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Holodomor, o Holocausto que não te contaram

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Você certamente já ouviu falar do Holocausto promovido pelos nazistas que vitimou cerca de 6 milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Entretanto, um número muito menor de pessoas conhecem um outro crime contra a humanidade, desta vez protagonizado pela União Soviética, alguns anos antes: Holodomor, o chamado holocausto ucraniano. Holodomor significa “deixar morrer de fome”, e foi exatamente isso que Josef Stalin fez contra o povo ucraniano.

 

Mas como um dos lugares com o solo mais fértil do planeta, com 42 milhões de hectares adequados para o plantio, poderia passar fome?

 

Tudo começou em 1928 com o programa de coletivização forçada da agricultura soviética, cujos resultados foram desastrosos. Essas mudanças na produção desorganizaram o plantio e a colheita, além do resultado previsível: ineficiência e desabastecimento.

Parcela de indivíduos sob controle soviético resistiu a esta coletivização, mas em nenhum lugar houve uma oposição tão forte como na Ucrânia, onde havia um forte movimento nacionalista que queria a independência da URSS.

A resistência ucraniana e a reação de Josef Stálin

Para sufocar essa dissidência, Josef Stálin iniciou uma campanha antiucraniana, expondo os intelectuais daquele país em julgamentos vexaminosos, além de atacar algumas pequenas organizações de caráter antissoviético.

Contudo, não parou por aí: ele mirou o ataque na própria população camponesa. A propaganda soviética começou a retratá-los como inimigos da revolução, pessoas mesquinhas que escondiam comida enquanto os trabalhadores das indústrias se sacrificavam para construir um novo mundo socialista.

Stalin estipulou metas de produção e entrega de cereais, as quais os ucranianos apenas conseguiriam cumprir caso parassem de se alimentar. Sua intenção era exterminar os fazendeiros ucranianos por meio da fome e, assim, quebrar qualquer resquício de movimento nacionalista que havia naquele país.

Para isso, para terror dos ucranianos, o governo soviético confiscou toda a comida estocada. Não parou por aí: tudo que era comestível foi apreendido, incluindo raízes, pequenos animais e grãos. Stálin foi além: proibiu as pessoas de saírem de sua região para procurarem comida.

Para isso, uma linha militar foi estabelecida ao redor da fronteira ucraniana para que ninguém ousasse fugir. Assim, muitas pessoas foram presas e condenadas a trabalhos forçados simplesmente por saírem de suas casas em busca de comida. Outras foram sumariamente fuziladas nas estações de trem ao tentarem fugir para outras regiões em busca de alimento.

Dessa forma, a maior parte das pessoas optou por ficar em casa, e assim se abateu uma grande e silenciosa fome sobre os ucranianos, matando-os de forma torturantemente dolorosa e lenta.

Ironicamente, tudo isso ocorreu enquanto a Ucrânia batia recordes de exportação de grãos: de 2,6 milhões de toneladas em 1929, aumentou para 48,4, 50 e 51,8 em 1930, 1931 e 1932. Em 1933 e 1934, contudo, a exportação despencou para 17,6 milhões e 8,4 milhões respectivamente.

O número de ucranianos mortos por fome anualmente foi de mais de meio milhão, mas apenas em 1933 foi superior a 7 milhões!

A crueldade de Stálin 

Os países vizinhos ofereceram ajuda humanitária, mas Stálin sumariamente recusou. Afinal, o regime soviético precisava negar a existência desse genocídio, incluindo manipular a imprensa internacional convidando jornalistas correspondentes e vendendo um cenário falso.

Como definiu o historiador Thomas Woods, “aos poucos, os corpos de cadáveres se espalharam para todos os lados a partir de 1931, com um forte odor da morte pairando no ar”.

Famílias trocavam os corpos de seus familiares por algumas migalhas de pão dadas pelo exército da URSS, que jogavam os corpos em valas, incluindo até pessoas fracas, mas ainda com vida.

Desesperados, diversos ucranianos recorreram ao canibalismo. Mães se prostituíam em troca de algumas gramas de pão a fim de alimentar seus filhos. Diversas gestantes davam luz a bebês que nasciam e logo morriam, desnutridos.

Estimativas conservadoras apontam entre 6 a 8 milhões de mortes de ucranianos, mas há análises que consideram os efeitos prolongados dessa política perversa, calculando que o número pode ser superior a 14 milhões de pessoas.

O legado de Holodomor

Até pouco antes do fim da União Soviética, em 1991, a população de outros países do bloco comunista nem sequer sabia o que havia acontecido.

Uma das principais pautas do governo ucraniano é a divulgação do terror sofrido por sua população nos anos 1930 para que as pessoas saibam o horror do socialismo. Tudo em nome de um projeto de poder.

Não à toa, Stálin é considerado responsável pelo programa de extermínio mais eficiente da história e os ucranianos possuem tanto medo dos russos.

 

Luan Sperandio é editor-chefe da casa de investimentos Apex Partners, analista político e colunista da Folha Vitória. Integra diversas organizações ligadas ao desenvolvimento de instituições com melhor ambiente de negócios, como o Ideias Radicais, o Instituto Mercado Popular e o Instituto Liberal, onde escreve desde 2014. É associado do Instituto Líderes do Amanhã.

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