Da Redação
Milton Ribeiro, pediu exoneração do Ministério da Educação nesta segunda-feira (28). A saída do comando do MEC por parte do agora ex-ministro veio após divulgação de uma série de denúncias sobre supostos favorecimentos da pasta a pastores, além de pedidos de propina a prefeitos, que teriam sido feitos para o recebimento de verbas da Educação.
A saída do comando da pasta foi confirmada em publicação no Diário Oficial da União, publicada na tarde desta segunda. A saída do titular da pasta, feita a pedido dele, veio em um período turbulento, e deixa para o governo a missão de nomear o quinto ministro do governo.
A saída de Ribeiro vem em um período de turbulências sobre a sua conduta no Ministério da Educação. Denúncias divulgadas inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo revelaram que pastores, sem cargo público ou vinculação, influenciaram em decisões do MEC. Prefeitos que eram apresentados por Gilmar Silva dos Santos, líder do Ministério Cristo para Todos, vertente da igreja evangélica da Assembleia de Deus, e pelo pastor Arilton Moura, tinham prioridade no recebimento de verbas da pasta.
Dias depois, a Folha de S. Paulo publicou um áudio em que o ministro sugere que uma das prioridades da pasta é atender “todos os que são amigos” do pastor Gilmar dos Santos. A decisão, segundo o suposto áudio, atende a um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Leia abaixo a íntegra da carta escrita por Milton Ribeiro:
Desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação. Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.
Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente a CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, solicitei a CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja dúvida sobre a lisura dos processos conduzidos bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.
Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso tenho todo respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil. Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.
Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.
Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.
Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil, mas vitoriosa caminhada.
Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!!!