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Novo documentário da Brasil Paralelo: A face oculta do feminismo

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Muitas pessoas têm uma visão errada sobre o que é feminismo em essência. A afirmação é de Guilherme Freire, diretor do novo documentário original da Brasil Paralelo. A Face Oculta do Feminismo estreia na próxima segunda-feira, 25 de abril, e contempla toda a história do movimento feminista.

Mary Wollstonecraft, Simone de Beauvoir, Shulamith Firestone, Judith Butler, Betty Friedan e tantas outras são nomes fundamentais quando assunto é feminismo. Apesar de o tema ser mundialmente conhecido, aparentemente as teóricas feministas não são.

A nova produção original aborda desde o Iluminismo — movimento filosófico que dominou a Europa nos séculos 17 e 18 —, protofeminismo — um período pré-feminismo —, Primeira e Segunda Guerra Mundial, primeira onda feminista, segunda onda feminista até os dias atuais.

“Existem duas visões sobre o que é feminismo”, disse Freire. “A primeira é a mais popular, que entende o movimento como direitos iguais para homens e mulheres. Mas existe um outro lado que não é discutido. É uma série de conceitos que não estão no imaginário popular.”

De acordo com Freire, nos livros das teóricas feministas esses conceitos estão explícitos, mas não aparecem na discussão pública. Eles vão da superação da natureza humana, da reprodução independente do corpo biológico, da emancipação sexual de todas as pessoas, da teoria de gênero, do trans humanismo e muito mais.

“O público geral enxerga a face que mais circula na mídia”, disse o diretor. Para ele, muitas pessoas que conhecem apenas a face mais popular do feminismo não aceitariam as teorias que as autoras feministas defendem. “Elas iriam se chocar”, disse Freire.

As defesas teóricas

O diretor afirma que existe uma percepção popular, errada, de que a primeira onda do feminismo foi boa, que a segunda onda foi moderada e que só na terceira onda o movimento teria “desandado”.

“Existe uma coerência na teoria feminista”, disse. De acordo com ele, muitos conceitos que estão na terceira onda feminista já haviam sido antecipados na primeira onda do movimento. O estágio “final” que vemos hoje já foi pensado há mais de 200 anos.

Um exemplo disso é a ideia de superação da natureza humana que está no livro Frankenstein (1818), de Mary Shelley, filha de Mary Wollstonecraft — uma das primeiras feministas da História. A obra descreve diversas pautas que são importantes na terceira onda do feminismo, como a revolução e a mudança.

Uma das teorias que serão abordadas no documentário é o de Shulamith Firestone, escritora da segunda onda feminista e autora do livro A Dialética do Sexo: Razões para a Revolução Feminista (1970). Em seu manifesto, ela defendeu a abolição da gravidez, comparou o parto de uma criança a “cagar uma abóbora” e gerou polêmicas a falar sobre a pedofilia e o incesto.

Shulamith propôs que a reprodução biológica natural fosse substituída pela ectogênese — desenvolvimento de embriões em úteros artificiais —, para libertar as mulheres da “tirania” da reprodução.

Já no livro Problemas de Gênero, de Judith Butler — um dos nomes mais importantes da terceira onda feminista —, a primeira citação encontrada é do livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir — escrito em 1940, na segunda onda feminista.

“Existe uma linha de continuidade histórica muito grande no feminismo”, disse o diretor. “Essa linha aponta para a relação da tecnologia com a natureza.”

O motor de mudança

Segundo Freire , desde a revolução industrial, a tecnologia já era vista como um motor de mudança na distinção entre os sexos. Aqui, o conceito de superação da natureza humana, citado em 1818, é questionado. É como se o sexo biológico não determinasse o sexo do indivíduo e a tecnologia viesse sanar isso, resolver essa distinção.

“A cirurgia de mudança de sexo é um exemplo”, disse o diretor. “É a tecnologia sendo usada para abolir a distinção entre os sexos, sendo uma parte importante da luta feminista.”

Outro ponto a ser abordado no documentário é o Manifesto Scum (1967), de Valerie Solanas. O longa-metragem defende a ideia de que a masculinidade é um defeito biológico, ou seja, quando um homem nasce, é um defeito.

Sendo assim, a sociedade teria uma reprodução fora do corpo, só nasceriam as mulheres. O Scum seria uma organização dedicada a eliminar o sexo masculino.

“Não queremos modificar as teorias, justamente o contrário. Queremos que o público entenda exatamente quais são as teorias feministas”, disse Freire.

O time escolhido para participar do documentário conta com Ana Campagnolo, deputada estadual de Santa Catarina e autora de dois livros sobre o feminismo; e Guilherme Freire, diretor do documentário e professor de filosofia.

O documentário será exclusivo para assinantes, mas haverá um evento de lançamento em 25 de abril, gratuito.

 

Fonte: Revista Oeste

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