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Qual elemento químico matou mais cientistas?

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As descobertas científicas, além de consumir recursos, podem colocar a vida dos cientistas em risco. Uma das áreas em que isso acontece com mais frequência é a química. Se não forem tomadas precauções de segurança suficientes, uma reação química imprevisível pode levar a explosão, incêndio ou envenenamento.

E entre esses casos, há um elemento químico que foi especialmente nocivo para todos que tentaram encontrá-lo. Foram mais de 70 anos tentando isolá-lo e, na melhor das hipóteses, os cientistas que tentaram só ficaram feridos, na pior, perderam a vida. Estamos falando do flúor.

O flúor é um dos elementos químicos mais abundantes do planeta e, no entanto, um dos mais difíceis de encontrar em sua forma pura. O problema é que esse elemento pode reagir quimicamente com a maioria dos compostos. Em liberdade, os átomos de flúor não permanecem livres, mas se unem a qualquer composto químico que esteja próximo, podendo até roubar átomos de outros compostos próximos. Mesmo alguns gases nobres, elementos químicos conhecidos por serem inertes, podem reagir com o flúor.

Essa reatividade significa que existem muitos compostos com flúor na natureza, mas é difícil encontrá-lo na forma pura. Também torna o manuseio muito perigoso, pois pode reagir com instrumentos de laboratório, oxigênio do ar e matéria orgânica, causando corrosão e destruição de tudo em seu caminho.

Sua primeira aparição foi em 1813, ano em que o químico Humphry Davy, especialista em isolar elementos químicos, colocou as mãos nele. Davy havia descoberto que alguns compostos químicos podiam ser separados em seus componentes fundamentais por meio de fortes descargas elétricas, por meio de um processo que ele chamava de eletrólise. 

Graças à eletrólise, Davy submeteu todos os compostos químicos que encontrou a correntes elétricas, na esperança de obter algum novo elemento. Com essa estratégia, ele descobriu sete elementos químicos diferentes, que formavam metais que se precipitavam no fundo de seu balde.

Um dia, seu colega André-Marie Ampere, conhecido por seus estudos de correntes elétricas, chegou ao seu laboratório. Ele sugeriu que tentasse sua técnica para separar o fluoreto de cálcio, um sal que aparecia em alguns minerais e era suspeito de conter algum novo elemento químico.

A introdução de fluoreto de cálcio dissolvido em sua cubeta e a aplicação de choques formaram brevemente bolhas de gás, mas estas reagiram com os eletrodos da bateria e formaram uma nuvem de ácido fluorídrico, um gás venenoso e corrosivo que quase intoxicou Davy.

Após três anos de tentativas cuidadosas e a perda de um olho e dois dedos, Davy encontrou provas da existência de flúor, mas não conseguiu isolá-lo. Isso fez com que o flúor entrasse na tabela periódica, mesmo que não tivesse sido isolado ou visto por nenhum cientista.

Após a descoberta de Davy, que parou de trabalhar com flúor por razões óbvias, muitos cientistas embarcaram na tarefa de tentar isolar o elemento. Nas décadas seguintes, o flúor causou lesões e mortes em vários cientistas, eles são conhecidos por um nome: os mártires do flúor.

Essa longa maldição finalmente terminou com Henri Moissan, que conseguiu isolar o flúor em 1886, 73 anos após a descoberta de Davy. Para isso, ele adotou uma abordagem diferente dos outros colegas: se não pudesse usar o material do laboratório, criava um novo material.

O que ele fez foi criar novos materiais de laboratório usando platina e irídio. Esses metais são difíceis de encontrar e muito caros ainda hoje, mas são um dos poucos elementos da tabela periódica que reagem mal com o flúor e permitem que ele permaneça puro. Essa descoberta rendeu a Moissan o Prêmio Nobel de Química em 1906. Ele foi o primeiro a superar a maldição do flúor e conseguir sua extração. Ainda hoje, isolar o flúor continua sendo uma tarefa perigosa e delicada.

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