The news is by your side.

A origem da famosa palavra “abracadabra”

0

 

Em um pedaço de pergaminho, escreva a palavra abracadabra várias vezes, repetindo-o na próxima linha, mas retirando a última letra, para que pouco a pouco se perca cada uma delas, deixando apenas a inicial. Continue até o “A” se tornar a última letra. Lembre-se de envolvê-la com linho e pendurá-la no pescoço”, escreveu um sábio romano chamado Serenus Sammonicus no século II dC em seu Liber Medicinalis. É, até hoje, a menção mais antiga desta curiosa palavra que tanto alimentou a magia da imaginação de meninos e meninas.

A história do “abracadabra” não começa no cinema, nem nos shows, mas na necessidade humana de se agarrar à vida quando um perigo incompreensível altera tudo. Se muitas doenças continuam a formar o perímetro desse perigo incompreensível hoje, a busca por remédios e curas apresenta um curso particular na história da humanidade.

“Kadavra” é turco para “cadáver”, então não é de surpreender que este breve encantamento tenha nascido do desejo de extrair perigo do corpo. Embora a origem exata do conceito seja desconhecida, alguns também o atribuem ao hebraico “Ab, ruach, darar” (“Pai, Espírito, palavra”) ou “Abrai seda brai” (“Saia, espírito maligno, fora”) em seu lugar. Mas também há historiadores que o colocam na palavra igualmente mágica “abraxas”, cujas letras, na numerologia grega, somam 365, o número de dias do ano. Pode ser que os primeiros sábios acreditassem que esta fosse uma palavra poderosa e de alguma forma criassem “abracadabra” e a transformassem em uma “cura”.

Doenças

Doenças como a malária, comuns há séculos, já eram estudadas na China antiga com grande precisão diagnóstica. Eles sabiam, por exemplo, que se tratava de mosquitos, como comprovam numerosos documentos escritos no ano de 770 aC.

No entanto, na Europa, havia crenças populares de que as febres eram de origem divina, ou melhor, demoníaca. Esses demônios poderiam ser derrotados com orações, eles alegaram. Então, logo apareceram papiros e amuletos mágicos com feitiços inscritos neles para se livrar de tantos demônios. O Abracadabra se tornou um eco de súplica.

Os pesquisadores encontraram a evidência mais antiga da doença, cujo nome vem das palavras italianas para “ar ruim”, há alguns anos, em um assentamento romano que data de cerca de 450 dC. Para alguns historiadores, essa doença pode ter desempenhado um papel importante no colapso do Império Romano.

De geração a geração

Sammonicus foi um médico de grande prestígio na Roma Antiga, inclusive, foi médico do imperador Caracalla. Ele prescreveu que os pacientes de malária usassem um amuleto com essa palavra gravada em forma de triângulo, como explica a Universidade de Indiana. Parecia a solução para o que se tornaria uma das doenças mais mortais da história.

A malária é mencionada com mais frequência do que qualquer outra doença nos textos mágicos da Grécia e Roma Antigas. De fato, a mitologia romana incluía sua própria divindade para proteger as pessoas desse mal, a deusa Febris. Da mesma forma, na própria basílica de São Pedro, no Vaticano, há um afresco do século XIV que representa a Virgem da Febre, algo como a figura homóloga de Febris no cristianismo.

Inscrita numa forma triangular, esta palavra foi um dos muitos remédios, embora talvez um dos mais repetidos e herdados, de geração em geração, num cenário onde a religião marcava o caminho do tempo. Tanto que ainda estava em uso até o século 18, como evidenciado por um livro de 1722 de Daniel Defoe intitulado Journal of Plague Year, que criticava o uso de tais amuletos.

Foi em 1898 que os cientistas ocidentais provaram definitivamente que a malária era transmitida aos humanos através de mosquitos. Até então, para muitas pessoas, encantamentos e abracadabras eram o caminho para a cura.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você está ok com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceitarconsulte Mais informação