A cápsula espacial Orion da NASA pousou com segurança no Oceano Pacífico no domingo (11), completando a missão Artemis 1 – uma jornada de mais de 25 dias ao redor da Lua com o objetivo de retornar os humanos lá em apenas alguns anos.
Depois de correr pela atmosfera da Terra a uma velocidade 40.000 quilômetros por hora, a cápsula sem tripulação flutuou até o mar com a ajuda de três grandes paraquedas vermelhos e laranjas, como visto na NASA TV.
“A NASA teve uma aterrissagem perfeita”, disse Melissa Jones, diretora de pouso e recuperação da NASA.
Durante a viagem ao redor do satélite em órbita da Terra e de volta, Orion registrou mais de um 1,6 milhão de quilômetros e foi mais longe da Terra do que qualquer espaçonave habitável anterior.
“Durante anos, milhares de indivíduos se dedicaram a esta missão, que está inspirando o mundo a trabalhar em conjunto para alcançar praias cósmicas intocadas”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson.
“Hoje é uma grande vitória para a NASA, os Estados Unidos, nossos parceiros internacionais e toda a humanidade”, acrescentou.
Após o pouso, os helicópteros sobrevoaram a espaçonave flutuante, que não apresentou evidências de danos.
O Orion será recuperado por um navio pré-posicionado da Marinha dos EUA na costa da Baja California, no México, após a execução de alguns testes iniciais.
Ao reentrar na atmosfera da Terra, a cápsula em forma de goma teve que suportar uma temperatura de 2.800 graus Celsius.
O principal objetivo desta missão era testar o escudo térmico de Orion – para o dia em que for humano e não testar manequins andando por dentro.
Alcançar o sucesso nesta missão foi fundamental para a NASA, que investiu dezenas de bilhões de dólares no programa Artemis para levar as pessoas de volta à Lua e se preparar para uma viagem, algum dia, a Marte.
Um primeiro teste da cápsula foi realizado em 2014, mas dessa vez ela permaneceu na órbita da Terra, voltando para a atmosfera a uma velocidade mais lenta de cerca de 32 quilômetros por hora.
Helicópteros, mergulhadores e barcos
O USS Portland foi posicionado para recuperar a cápsula Orion em um exercício que a NASA vem ensaiando há anos. Helicópteros e botes infláveis também foram mobilizados.
A NASA então planejou deixar Orion flutuar por 2 horas – muito mais do que se os astronautas estivessem lá dentro – para coletar dados.
“Vamos ver como o calor volta para o módulo da tripulação e como isso afeta a temperatura interna”, disse Jim Geffre, gerente de integração do veículo Orion da NASA, na semana passada.
Os mergulhadores irão então conectar cabos para içar o Orion até o USS Portland, uma embarcação anfíbia cuja popa ficará parcialmente submersa. Essa água será bombeada lentamente para que a espaçonave possa descansar em uma plataforma projetada para segurá-la.
Tudo isso deve levar cerca de quatro a seis horas após a aterrissagem.
O navio da Marinha seguirá para San Diego, Califórnia, onde a espaçonave será descarregada alguns dias depois.
Orion já viajou 2,25 milhões de quilômetros desde que decolou da costa leste da Flórida em 16 de novembro, auxiliado pelo foguete chamado SLS.
No ponto mais próximo da Lua, voou a menos de 128 quilômetros da superfície e quebrou o recorde de distância para uma cápsula habitável do nosso planeta, aventurando-se a 431 mil quilômetros de distância em seu ponto mais distante.
Ártemis 2 e 3
Recuperar a espaçonave permitirá à NASA coletar dados cruciais para futuras missões.
Isso inclui informações sobre a condição da embarcação após o voo, dados de monitores que medem aceleração e vibração e o desempenho de um colete especial colocado em um manequim na cápsula para testar como proteger as pessoas da radiação enquanto voam pelo espaço.
Alguns componentes da cápsula devem ser bons para reutilização na missão Artemis 2, já em estágios avançados de planejamento.
Essa missão, prevista para 2024, levará uma tripulação em direção à Lua, mas ainda sem pousar nela. Espera-se que a NASA nomeie os astronautas escolhidos em breve.
A Artemis 3, programada para 2025, verá uma espaçonave pousar pela primeira vez no pólo sul da Lua, onde espera encontrar água na forma de gelo.
Como parte das missões Artemis, a NASA planeja enviar uma mulher e uma pessoa negra à Lua pela primeira vez.
Apenas 12 pessoas – todas elas homens brancos – pisaram na Lua. Isso foi durante as históricas missões Apollo da NASA, que terminaram em 1972.
A NASA espera estabelecer uma presença humana duradoura na Lua, por meio de uma base na superfície e também de uma estação espacial em órbita. Ter pessoas aprendendo a viver na Lua deve ajudar os engenheiros a desenvolver tecnologias para uma viagem de anos a Marte, possivelmente no final da década de 2030.
Agence France-Presse