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É possível redistribuir o dinheiro dos bilionários?

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Com frequência, populistas de esquerda e direita inflamam discursos contra as pessoas mais ricas da sociedade, especialmente em relação aos milionários e bilionários. Consideram que maiores taxações poderiam alocar os recursos dessas pessoas de forma mais eficiente e justa para atacar problemas sociais vividos pela maioria da população.

Recentemente, o multimilionário Elon Musk, dono da empresa de veículos elétricos Tesla e da fabricante de foguetes SpaceX, tornou-se o homem mais rico do mundo ao ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão (195 bilhões de dólares). Ele superou os 185 bilhões de dólares de Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon e, até então, o dono do posto de mais rico do mundo.

Com o anúncio da notícia, debates nas redes ressuscitaram as ideias de distribuição total das riquezas em questão, fitando um mundo sem bilionários e com uma utópica igualdade. Contudo, essa proposta demonstra desconhecimento acerca de conceitos fundamentais como liquidez, fluxo e estoque, além de reforçar ideias retrógradas em relação ao progresso humano.

Afinal, a maior parte da riqueza dos maiores empresários não é líquida: não há uma quantidade física de dinheiro palpável, disponível para ser pega e dividida quando se bem entender. Patrimônio líquido, por sua vez, é o valor de suas posses, incluindo seus ativos, seus sócios e as participações com as quais o dono conta.

Elon Musk, Jeff Bezos e outros bilionários, portanto, têm um patrimônio de empresas e negócios que envolvem acionistas, sócios, empregados, serviços, lucros e prejuízos diversos, que abrangem diversas áreas da sociedade e movimentam de forma essencial a economia global.

Interferências drásticas na Tesla e na SpaceX teriam de ser feitas para desapropriar parte de seu capital, o que logo resultaria em desvalorização dos empreendimentos, prejuízos aos acionistas e demissão de muitos funcionários, que hoje devem suas vidas aos empregos proporcionados pelas empresas.

Além disso, um ponto importante a ser analisado é a razão pela qual os ricos se tornam ricos. Em grande parte dos casos, o serviço ou produto oferecido agregou tanto valor às pessoas que, por consequência, elas se disponibilizaram a pagar voluntariamente por isso: afinal, poderiam se beneficiar do produto ou serviço ofertado.

No caso de Musk, carros elétricos e demais avanços tecnológicos propiciaram um desenvolvimento social, econômico e ambiental de alta relevância para muitos indivíduos, gerando valor ao mundo inteiro. Os veículos são menos poluentes, mais silenciosos e registram consumo de energia mais eficiente, além de serem menos custosos em relação ao abastecimento e à manutenção dos veículos. Tudo isso elogiável.

Além disso, noções de fluxo e estoque também aparecem distorcidas nas argumentações. O fluxo, que é formado em determinado período, como o Produto Interno Bruto em um ano, é erroneamente confundido com estoque, que se caracteriza pela acumulação de vários períodos, como os patrimônios.

Nesse sentido, ao propor um fluxo de distribuição e riquezas que “fomentaria” a economia e diminuiria as desigualdades, vê-se uma ideia errada de que patrimônios são fixos e não reagem às condições da economia de determinado tempo e país.

Caso fossem adotadas políticas confiscatórias defendidas pelos populistas, a tendência seria de falência dos estoques e dos patrimônios e a decadência das riquezas em questão. Na venda de todas as ações, elas naturalmente se desvalorizariam.

Mesmo que isso não ocorresse e houvesse liquidez absoluta para a redistribuição, se dividíssemos o patrimônio de Musk para todos os habitantes dos Estados Unidos, por exemplo, teríamos apenas US$ 24,35 a serem pagos em uma única parcela.

A existência de milionários e bilionários é positiva em uma sociedade que preza pela justa recompensa de esforços e pela troca espontânea entre pessoas e mercados. A redistribuição forçada de seus patrimônios resultaria em falências, demissões e no aumento da pobreza. Devemos nos preocupar em como resolvermos problemas sociais complexos, mas redistribuir o patrimônio de bilionários é apenas um discurso simples, elegante e completamente errado.

 

Luan Aperandio é editor-chefe da casa de investimentos Apex Partners, analista político e colunista da Folha Vitória. Integra diversas organizações ligadas ao desenvolvimento de instituições com melhor ambiente de negócios, como o Ideias Radicais, o Instituto Mercado Popular, o Instituto Liberal e Instituto Líderes do Amanhã.

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