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Pesquisadores descobrem ligação entre bactérias intestinais e perda de visão

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Pesquisadores da China e do Reino Unido descobriram bactérias do intestino em áreas danificadas dos olhos de camundongos com mutações no gene Crumbs homolog 1 (CRB1), uma das principais causas de doenças oculares hereditárias.

Publicada em 26 de fevereiro na revista científica Cell, as pesquisas são iniciais e não se sabe se o mesmo mecanismo acontece em humanos com a mutação CRB1, que causa 4% da retinose pigmentar, levando à perda da visão periférica e noturna, e 10% da amaurose congênita de Leber, onde ocorre cegueira completa em cerca de um terço dos casos.

“Encontramos uma ligação inesperada entre o intestino e o olho, que pode ser a causa da cegueira em alguns pacientes. Nossas descobertas podem ter enormes implicações para transformar o tratamento para doenças oculares associadas ao CRB1”, disse o oftalmologista Richard Lee, da University College London, um dos autores do estudo.

Nas doenças oculares associadas ao CRB1, a deficiência visual começa cedo. A retina – o tecido na parte de trás dos nossos olhos que converte comprimentos de onda de luz em sinais que nosso cérebro interpreta como visão – não consegue desenvolver sua estrutura fina em camadas de células fotorreceptoras sensíveis à luz, tornando-se anormalmente espessa.

A equipe se perguntou se as bactérias causam danos à retina depois que sua pesquisa anterior descobriu que as bactérias são inesperadamente comuns nos olhos.

A maioria dos nossos trilhões de bactérias intestinais são úteis em vez de prejudiciais e desempenham um papel crucial na saúde geral. Mas Lee e seus colegas acham que a mutação CRB1 está permitindo que as bactérias intestinais cheguem aos olhos, onde podem contribuir para a perda de visão.

Acreditava-se que a proteína Crb1 codificada pelo gene fosse encontrada apenas no cérebro e no epitélio pigmentado da retina (EPR) – a barreira externa sangue-retina que protege o olho. Pela primeira vez, os pesquisadores descobriram que a parede intestinal também expressa a proteína.

A proteína Crb1 é vital para manter uma barreira entre o intestino e o resto do corpo, e o EPR. Um gene CBR1 mutado não expressa o suficiente da proteína Crb1, levando a brechas nessas duas barreiras protetoras.

Modelos de camundongos da mutação tinham deficiências em ambas as barreiras, permitindo que as bactérias intestinais passassem pela corrente sanguínea para a retina e causassem lesões. O tratamento com antibióticos reduziu os danos na retina e preveniu a perda da visão.

Quando os pesquisadores reintroduziram a expressão normal de Crb1 nos intestinos de camundongos mutados com CRB1, isso não reverteu a quebra da barreira, mas os danos à retina foram reduzidos. E camundongos com mutação de CRB1 com populações bacterianas reduzidas também não mostraram tantos danos na retina.

“Esperamos continuar essa pesquisa em estudos clínicos para confirmar se esse mecanismo é realmente a causa da cegueira nas pessoas e se os tratamentos direcionados às bactérias poderiam prevenir a cegueira”, diz Lee.

Isso apenas sugere uma possível ligação entre doenças oculares causadas pela mutação do gene CRB1. Quase 100 genes que afetam as células fotorreceptoras sensíveis à luz da retina podem causar retinose pigmentar, e variantes em pelo menos 28 genes podem causar amaurose congênita de Leber.

A terapia gênica tem se mostrado promissora no tratamento de doenças oculares genéticas e tem sido um dos principais focos no desenvolvimento de tratamentos até o momento. Embora em 2023, os cientistas ligaram células imunes específicas migrando do intestino para a retina à gravidade do glaucoma.

Os autores dizem que suas descobertas mostram que o intestino e o olho estão ligados de outra maneira – bactérias vivas podem se mover de um intestino com vazamento para a retina. “Ainda não entendemos completamente a ligação do intestino com a saúde ocular, mas pode ser outro caminho de tratamento a ser considerado”.

“Como revelamos um mecanismo inteiramente novo ligando a degeneração da retina ao intestino, nossas descobertas podem ter implicações para um espectro mais amplo de condições oculares, que esperamos continuar a explorar com mais estudos”, diz Lee.

 

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