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A proposta é salvar o PT às custas do Brasil?

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(Rodolfo Borges, publicado no portal O Antagonista em 11 de novembro de 2024)

 

As urnas deram algumas recados ao PT nas eleições municipais deste ano, mas a presidente nacional do partido dá a entender, a cada manifestação pública, que não entendeu nenhum deles.

Em protesto contra editoriais dos maiores jornais do Brasil, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR, à esquerda na foto) disse no domingo, 10, que eles “refletem a frustração e até o espanto dos donos da mídia com a não divulgação, até agora, dos chamados ajustes fiscais que eles tanto exigem”.

Uma pausa antes de seguir reproduzindo o que disse a presidente do PT em postagem no X: não foram os “donos da mídia” que prometeram “os chamados ajustes fiscais”, mas o próprio governo Lula (à direita na foto)— não por que o presidente queira ou goste da ideia, mas porque o país precisa disso, assim como seu governo, caso ele pretenda chegar ao fim do mandato.

“Invertem a equação”

Segundo Gleisi, “eles”, os tais donos da mídia, “esperam impor ao governo e ao país o sacrifício dos aposentados, dos trabalhadores, da saúde e da educação, que podem até combinar com o neoliberalismo frenético do governo passado, mas não com o governo que foi eleito para reconstruir o país”.

A presidente do PT seguiu: “Invertem a equação da economia real, que pede mais crédito e investimentos para continuar crescendo, e ameaçam com mais juros e mais especulação com o câmbio, como se isso fosse trazer o tal equilíbrio fiscal e reduzir a inflação”.

Ela finaliza dizendo que “Lula age muito bem, com cautela e muita responsabilidade, resistindo às pressões descabidas dos mercados e de seus porta-vozes na mídia”.

O mundo real

Na verdade, quem inverte a equação é Gleisi. Os trabalhadores e aposentados que ela alega proteger são os mais prejudicados pela irresponsabilidade fiscal do governo, que eleva os preços no país e obriga o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros, desacelerando a economia.

O objetivo de Gleisi e de Lula não é proteger aposentados e trabalhadores, mas o próprio governo Lula e o PT, que não estão dispostos a sacrificar um voto sequer — e eles têm cada vez menos — em nome das reformas pelas quais o país precisa passar para a vida dos brasileiros melhorar.

Talvez em outras épocas o discurso de Gleisi encontrasse reverberação fora das hostes petistas, mas hoje o PT já é reconhecido como irresponsável, e tem pouco a se beneficiar repetindo a mesma ladainha contra o neoliberalismo — até porque o governo Lula simplesmente não tem mais de onde tirar para gastar sem prejudicar ainda mais suas próprias perspectivas de poder.

Os rumos do PT

Logo após a eleição municipal, enquanto alguns petistas — entre eles Edinho Silva, provável sucessor de Gleisi no comando do partido — ensaiavam alguma autocrítica, a líder do PT remoía o discurso que não funcionou, de que o Brasil foi vítima, mais uma vez, de uma “ofensiva da extrema direita”.

Ela repetiu o diagnóstico após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, e se incomodou, nesta semana, ao ser confrontada com o fato de que suas críticas públicas ao aumento da taxa básica de juros não podem mais ser dirigidas a Roberto Campos Neto, porque acertam inevitavelmente a equipe econômica do governo Lula.

Seria ingenuidade imaginar que Gleisi age e fala sem a anuência de Lula. Essa é a mensagem que o partido quer passar, mas, ao contrário do que eles imaginam, boa parte dos brasileiros já entendeu que o discurso de defesa dos fracos e oprimidos não passa de uma tentativa de defender o que restou do próprio PT, e às custas dos fracos e oprimidos do Brasil.

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