Esquerdismo, uma doença da alma
(Paulo Briguet, publicado no jornal Gazeta do Povo em 11 de novembro de 2024)
“Ser esquerdista é mergulhar as mãos em sangue e fezes jurando que as banha nas águas lustrais de uma redenção divina.”
(Olavo de Carvalho)
Vocês, meus queridos sete leitores, têm acompanhado o surto de histeria coletiva que tomou conta da esquerda mundial após a vitória de Donald Trump? De coração nas mãos, preciso confessar algo a vocês. Hoje, ao refletir sobre a trajetória da minha vida, não posso deixar de pensar na luta interna que travo desde que voltei para Deus, há 25 anos. O esquerdismo, essa doença da alma, é um tema que me persegue, e é com uma combinação de dor e senso de dever que compartilho minhas experiências.
Resta claro que a esquerda moderna fez um pacto fáustico em troca do prazer e do poder, e eu, a exemplo de tantos da minha geração, fui um dos que se deixaram seduzir por essa promessa ilusória. Eu poderia ser um deles.
Fausto, o protagonista da obra de Goethe, e os jovens Raskolnikov e Verkhovensky, personagens de Dostoiévski, são os modelos existenciais da alma esquerdista moderna, em sua busca insana e soberba por poder e a sua insatisfação permanente com a realidade.
Fausto, como se sabe, faz um pacto com Mefistófeles — o demônio que simboliza a negação universal — em troca de prazer e poder desmedido.
Da mesma forma, Raskolnikov, protagonista de “Crime e Castigo”, ao cometer um assassinato em nome de uma teoria que justifica a superioridade moral de alguns seres humanos sobre outros, revela o caráter patológico de uma visão mental que se exime por completo da compaixão. Verkhovensky, personagem de “Os Demônios”, encarna a revolta contra a realidade e a busca por uma nova ordem; ele é portador de uma visão revolucionária que espalha sofrimento e caos.
Juntos, esses personagens exemplificam a dualidade da alma esquerdista moderna: a ambição sem limites e a crença de que a transformação social pode ser alcançada à custa das leis eternas.
O símbolo máximo dessa dualidade é também o símbolo da revolução: a guilhotina, instrumento que separa a alma e o corpo, o Céu e a Terra, Deus e o homem.
Por minha experiência pessoal, devo dizer que ninguém abandona a esquerda do dia para a noite. É um processo doloroso, uma luta constante para eliminar os resquícios da mentalidade revolucionária que ainda habitam a minha alma.
A doutrina da Igreja Católica ensina que o perdão de Deus salva a nossa alma, mas não nos exime das consequências dos nossos pecados. Em termos teológicos, essa é a cruz que cada um de nós precisa carregar (não por acaso, a coluna vertebral humana é formada por 33 vértebras, sendo 33 a plenitude da idade segundo a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo).
Ao olhar para a situação calamitosa das universidades, da mídia e da cultura em nossa época, sinto o peso da minha parcela de responsabilidade. Durante meu tempo de militância esquerdista, contribuí para esse descalabro, e agora, não me basta apenas abandonar as ideias revolucionárias; é meu dever moral combatê-las sem descanso.
A vitória avassaladora de Donald Trump nas eleições americanas de 2024 abriu as portas do inferno esquerdista. Nos últimos dias, assistimos a um dantesco festival de insanidades por parte da militância na grande mídia, nas redes sociais e nas universidades. As classes falantes mergulharam em um surto psicótico coletivo.
Um exemplo claro dessa insanidade foi o caso de um funcionário da FEMA, demitido por pedir à equipe que não ajudasse os sobreviventes do furacão que exibiam cartazes em suas casas apoiando Trump.
E o que dizer das mulheres que, em um protesto insano, rasparam os cabelos em vídeos nas redes sociais? Elas declaram guerra total aos homens, recomendando que se divorciem de seus maridos e rompam relações com seus pais. É uma loucura coletiva, uma demonstração de que a esquerda não aceita a realidade de que o povo escolheu Donald Trump.
A narrativa de que os Estados Unidos agora se tornariam o Irã é apenas mais uma prova do delírio que habita as mentes esquerdistas.
Após a vitória de Trump, um deputado esquerdista brasileiro disparou uma série de asneiras, afirmando que o presidente queria criar campos de concentração, mergulhar o mundo na guerra e tornar o casamento obrigatório para todos (isso mesmo que vocês leram).
É irônico considerar que Trump foi o único presidente americano, dos últimos 70 anos, que não iniciou nenhuma guerra e, ao contrário, deu passos importantes para a paz mundial — como o desmantelamento do ISIS e os Acordos de Abraão. A mídia americana, incapaz de fazer um mea culpa, continua a viver em um mundo de autoengano, desconectada da realidade.
Querem outro exemplo? No afã de desviar as atenções do público, a esquerda brasileira inventa narrativas bizarras, como a PEC do fim da jornada 6/1, que, se aprovada, significaria um desastre econômico para um país que já sofre com baixos índices de produtividade. Ah, sim. Nos últimos dias, também ressurgiu a tese de que existe um complô para matar o czar-ministro calvo.
Não sem espanto, percebo que, se não tivesse reencontrado o caminho de Deus, eu poderia ser uma dessas almas.
Venho dizendo há muito tempo, e hoje repito mais uma vez: a morte dos adversários políticos é um dos dogmas centrais da religião esquerdista. Quando os esquerdistas divulgaram boatos de que Trump e Bolsonaro matariam todos os negros e homossexuais, estavam apenas projetando um desejo profundo e inamovível na alma militante: o desejo de assassinar quem pensa diferente.
Como bem disse um leitor inteligente desta coluna, a Terceira Guerra Mundial tende a ser uma Guerra de Babel, não apenas entre nações, mas principalmente entre culturas e visões de mundo que muitas vezes se opõem à realidade.
Essa luta vai muito além da política; é uma batalha pela alma da humanidade. E, como alguém que já esteve do outro lado, posso afirmar que o esquerdismo é, de fato, uma doença da alma. Está na hora de reconhecer isso e lutar contra a enfermidade espiritual que, se não for tratada, pode consumir não apenas indivíduos, mas toda a civilização.
Que Deus tenha misericórdia de nosso mundo.