The news is by your side.

Quem realmente se beneficia dos subsídios agrícolas?

0
RTV Outdoor 1260px X 120px

(Xico Graziano, publicado no portal Poder360 em 04 de março de 2025)

 

Qual o valor dos subsídios destinados à agricultura nacional? Quem deles se beneficia?

Tais dúvidas surgiram no debate sobre o crédito rural, provocado pela recente trapalhada do governo Lula em suspender, para no dia seguinte liberar, por meio de Medida Provisória, a execução do Plano Safra 2024/25.

A suspensão de novos financiamentos rurais ocorreu, segundo o Ministério da Fazenda, pelo fato de o Tesouro ficar sem recursos para bancar o subsídio aos agentes de crédito. Aí levantou a lebre: qual subsídio? Quanto? Para quem?

Chama-se “equalização” a operação financeira destinada a rebaixar a taxa de juros dos empréstimos rurais. Ou seja, o Tesouro banca a diferença entre a taxa dos empréstimos rurais e a taxa básica Selic. Faz isso para garantir a remuneração do agente financeiro. Daí sai a subvenção pública.

A cada ano no Plano Safra, existem variadas categorias de financiamento rural, distribuídas em linhas de custeio, comercialização e investimentos para grupos diferenciados de produtores rurais. Cada qual tem uma respectiva taxa de juros para o tomador.

Vamos aos números. No atual Plano Safra, foram destinados R$ 400 bilhões em crédito para a agricultura empresarial e R$ 76 bilhões para a agricultura familiar.

Os financiamentos destinados à agricultura familiar se enquadram no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), cujas taxas de juros são, na média, de 4% ao ano.

Dos recursos destinados à agricultura empresarial, uma parte dos R$ 189 bilhões será emprestada com taxas de juros controladas, dentro do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médios Produtor Rural), cuja taxa média de juros é de 8% ao ano. Os demais R$ 211 bilhões serão destinados a taxas livres de juros, ou seja, estabelecidas no mercado.

Portanto, a subvenção pública será exigida para equalizar (rebaixar) a taxa de juros dos financiamentos do PRONAF e do PRONAMP. Segundo Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, o Tesouro deverá aportar (2025), R$ 16,37 bilhões nessa operação.

Esse é o valor do subsídio agrícola estimado para 2025, embutido no Plano Safra. Atenção. O grande erro de alguns é considerar o valor total dos financiamentos como subsídios, como se o dinheiro todo saísse do bolso do contribuinte. Só que não. O funding pertence às instituições financeiras. O governo paga apenas a diferença na taxa de juros.

Vamos, então, ao segundo ponto: quem se aproveita desse subsídio?

A resposta surpreenderá a muitos: do valor estimado (R$ 16,37 bilhões) para equalizar a taxa de juros dos financiamentos rurais, prevê-se que R$ 10,43 bilhões (64%) sejam destinados ao subsídio dos financiamentos da agricultura familiar e R$ 5,94 bilhões (36%) para a agricultura empresarial.

O dado desmente o discurso fácil da esquerda, que gosta de atacar o agronegócio capitalista. Nada de mamata para os ricos fazendeiros. Quem mais se beneficia dos subsídios agrícolas são os pequenos e médios produtores, e não os grandes.

Para resumir essa questão, o sistema de crédito rural brasileiro atende a 3 categorias de produtores rurais:

  • os pequenos agricultores, chamados familiares, enquadrados no PRONAF, que pagam taxa de juros médios de 4% a 5%. Volume total de financiamento de R$ 76 bilhões (2025). Custo de subsídio creditício: R$ 10,4 bilhões.
  • os médios agricultores, enquadrados no PRONAMP, cuja taxa média de juros fica em 8%. Volume total de financiamento de R$ 189 bilhões (2025). Custo de subsídio creditício: R$ 5,9 bilhões.
  • os grandes agricultores, que tomam recursos a taxa de mercado, são equalizados pelo Tesouro. Volume total de financiamento estimado em R$ 319 bilhões (2025), sendo R$ 108 bilhões via Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Custo de subsídio creditício: R$ 0.

Conclusão: os subsídios agrícolas no Brasil são bem direcionados e seu valor é relativamente baixo. Segundo análise da OCDE, que monitora 54 países, somando-se todos os tipos de ajuda pública, incluindo favores tributários, os subsídios no Brasil representam cerca de 5% da receita bruta dos agricultores. Na União Europeia são 16%, na China, 14%, nos EUA, 9%.

Podem ter certeza: a competitividade do agro nacional vem da inovação tecnológica somada ao esforço do agricultor brasileiro. E conta com a generosidade da Criação.

Mamata aqui, não.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você está ok com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceitarconsulte Mais informação