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Leia a carta da mulher que Moraes e Dino querem prender por 14 anos por pichar estátua

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Da Redação

 

Nesta quarta-feira (26), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, retirou o sigilo de uma carta enviada a ele em outubro do ano passado pela cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos. Ela é julgada pela Primeira Turma da Corte após ter pichado “perdeu, mané” com batom a estátua que fica em frente ao STF durante os atos de 8 de janeiro de 2023.

No documento, a mulher afirma que foi ao ato na Praça dos Três Poderes, em Brasília, acreditando ser uma “manifestação pacífica”. Débora ainda declara que cometeu o “ato tão desprezível” para “tentar ser ouvida” e que “não sabia da importância” da estátua.

Denunciada pela Procuradoria-Geral da República, a mulher responde a uma ação penal no STF e recebeu dois votos, do próprio Alexandre de Moraes e de Flávio Dino, para ser condenada a 14 anos de prisão e pagamento de multa de R$ 30 milhões pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; organização criminosa armada; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Sim, exatamente isso. Para os ministros esquerdistas, ela estava cometendo todos esses crimes ao pichar uma estátua com um batom.

O ministro Luiz Fux, porém, reconheceu a pena como “exacerbada” e pediu vista do caso, suspendendo a análise.

“Eu vou fazer uma revisão dessa dosimetria. Porque se a dosimetria é inaugurada pelo legislador, a fixação da pena é do magistrado. E o magistrado o faz à luz da sua sensibilidade, do seu sentimento em relação a cada caso concreto. E o ministro Alexandre, com seu trabalho, ele explicitou a conduta de cada uma das pessoas. E eu confesso que, em determinadas ocasiões, me deparo com uma pena exacerbada. E foi por essa razão que eu pedi vista, ministro Alexandre, dando uma satisfação a vossa excelência, desse caso”, afirmou Fux.

Leia o conteúdo da carta de Débora na íntegra:

Excelentíssimo Ministro Dr. Alexandre de Moraes, que esta o encontre com saúde e paz.

Me chamo Débora e venho através desta carta me comunicar amistosamente com vossa Excelência. Não sei ao certo como dirigir as palavras a alguém de cargo tão importante, portanto peço que o Dr. desconsidere eventuais erros.

Sou uma mulher cristã, tenho 39 anos, trabalho desde os meus 14 anos de idade, sou esposa do Nilton e temos dois filhos, o Caio (10 anos) e o Rafael (8 anos) que são meu coração batendo fora do peito.

Excelência, para não tomar muito o seu tempo, vou direto ao ponto.

Sou uma cidadã comum e simples e sempre mantive minha conduta inabalada, jamais compactuei com atitudes violentas ou ilícitas.

Fui a Brasília, pois acreditava que aconteceria uma manifestação pacífica e sem transtornos, porém, aos poucos fui percebendo que o movimento foi ficando acalorado. Devo deixar claro que em momento algum eu adentrei em quaisquer Casas dos poderes, fiquei somente na Praça dos 3 Poderes, encantada com as construções tão gigantescas e bem arquitetadas. Sinceramente, fiquei muito chateada com o “quebra-quebra” nas instituições.

Repudio o vandalismo, contudo eu estava ali porque eu queria ser ouvida, queria maiores explicações sobre o resultado das eleições tão conturbadas de 2022.

Por isso, no calor do momento cheguei a cometer aquele ato tão desprezível (pichar a estátua).

Posso assegurar que não foi nada premeditado, foi no calor do momento e sem raciocinar.

Quando eu estava próxima à estátua, um homem pelo qual eu jamais vi, começou a escrever a frase e pediu para que eu a terminasse, pois sua letra era ilegível. Talvez tenha me faltado malícia para rejeitar o “convite”, o que não justifica minha atitude, me arrependo deste ato amargamente, pois causou separação entre eu e meus filhinhos.

Nesse período de um ano e sete meses [na época da carta] de reclusão eu perdi muito mais do que a minha liberdade, perdi a chance de ajudar o Rafinha na alfabetização, não o vi fazer a troca dos dentinhos de leite, perdi dois anos letivos dos meus filhos e momentos que nunca mais voltarão.

Meus filhos estão sofrendo muito, choram todos os dias por minha ausência, passam por psicólogos a fim de ajudá-los a organizar os sentimentos dessa situação. Um castigo e uma culpa que vou lamentar enquanto eu viver.

Excelentíssimo Ministro Dr. Alexandre de Moraes, meu conhecimento em política é raso ou nenhum, não sabia da importância daquela estátua, nem que ela representa a instituição do STF, tampouco sabia que seu valor é de dois milhões de reais. Se eu soubesse, jamais teria a audácia de sequer encostar nela, minha intenção não era ferir o Estado Democrático de Direito, pois sei que o mesmo consiste na base de uma nação.

Portanto, venho pedir perdão por este ato que até hoje me causa vergonha e consequências irreparáveis.

Sei que não deveria, mas hoje tenho aversão à política, e quero ficar o mais distante possível disso tudo.

Entendi que quando somos tomados pelo entusiasmo e a cólera podemos praticar atitudes que não contribuem em nada. O que eu fiz não me representa e nem transmite a mensagem que eu sonhei em tecer para os meus filhos.

O que mais almejo é ter minha vida pacata e simples de volta e ao lado da minha família.

Termino essa carta na esperança de que essa demonstração sincera do meu arrependimento possa ser levada em consideração por vossa Excelência.

Deus o abençoe!

Débora Rodrigues dos Santos.

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