ESPERA QUE SENADO VETE
“Quem não deve, não teme”: Wilson Santos denuncia retrocesso moral na aprovação da PEC da Blindagem
Patrícia Neves
O deputado estadual Wilson Santos (PSD) classificou a ‘PEC da Blindagem’ como uma “vergonha” e alertou para os riscos de se criar “castas intocáveis” no país. A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (16). Nesta manhã, 17, Wilson disse que a lei vale para todos. “O político que vem do meio do povo tem que estar no mesmo nível do povo, ser julgado pelas mesmas leis. Durante séculos, a sociedade lutou para derrubar o império das famílias e fazer com que o império seja das leis”, declarou.
Para o parlamentar, a PEC representa um retrocesso moral, ao dificultar que parlamentares sejam investigados e responsabilizados por crimes comuns, colocando-os acima da legislação que rege a vida dos demais cidadãos.
“Ninguém pode estar acima da lei. Qualquer político tem que estar subordinado à legislação que o mais modesto cidadão estiver. Seja senador, presidente, gari, diarista ou camelô, a lei deve ser igual para todos”, afirmou.
Wilson também rebateu o argumento de que a PEC seria uma forma de proteger a liberdade de expressão dos parlamentares. Segundo ele, essa justificativa é inaceitável.
“Como é que se justifica essa proposta dizendo que é para garantir a liberdade de expressão? Isso é falta de vergonha. O princípio número um é: quem não deve, não teme. Se alguém comete um crime, tem que ter dignidade para assumir e responder por ele.”
Na avaliação do deputado, o Congresso Nacional, ao aprovar a medida, está dando “um tiro no pé”, pois se distancia da vontade popular e compromete a confiança da sociedade nas instituições.
“O que a Câmara aprovou ontem foi um retrocesso moral. Espero que o Senado tenha responsabilidade e anule essa decisão”, concluiu.
A PEC 3/2021 agora segue para apreciação no Senado, onde precisará do voto de 49 dos 81 senadores para ser promulgada. A proposta determina que parlamentares só poderão ser processados com autorização prévia do Congresso, além de ampliar o foro privilegiado a presidentes de partidos políticos com assento no Legislativo.