
O delegado Jean Paulo Nascimento, da Polícia Civil de Nova Mutum, detalhou nesta terça-feira (25) as circunstâncias que levaram à prisão em flagrante de um homem suspeito de matar a companheira de três décadas, Rosenil da Silva Karnoski, com um disparo de espingarda calibre 12 no peito. A cena do crime, registrado na noite de terça-feira (23) em uma comunidade rural do município, era incompatível com a narrativa apresentada por Valdemir Karnoski. Rosenil é a nona mulher assassinada pelo companheiro ou ex-companheiro somente no mês de junho.
Rosenil, que já havia sido vítima de uma tentativa de homicídio em 2021, possivelmente estava deitada no momento em que foi alvejada. A mulher também apresentava lesões na mão, indicando que tentou se proteger do disparo.
“Quando chegamos ao local, era um cenário extremamente confuso, que não condizia com o relato do suspeito. Ele já havia sido detido pela Polícia Militar e estava visivelmente embriagado”, afirmou Nascimento. Segundo ele, o homem apresentou versões contraditórias: em um momento dizia que a vítima havia se atirado; em outro, que o disparo ocorreu acidentalmente enquanto manuseavam a arma.
Ainda de acordo com o delegado, testemunhas relataram que o suspeito costumava se tornar agressivo quando consumia bebida alcoólica. “Ele já tem histórico de violência doméstica. Em 2021, chegou a efetuar um disparo contra a mesma vítima durante uma discussão familiar. Esse fato foi registrado em boletim de ocorrência e resultou em um processo que ainda tramita na Justiça”, destacou.
O laudo pericial aponta que o disparo atingiu a região do peito da vítima, com os projéteis se alojando no abdômen. “Era uma espingarda calibre 12, com munição do tipo chumbinho, que se espalha ao atingir o alvo. A trajetória do disparo é angular e descendente, o que sugere que a vítima estava deitada no momento em que foi atingida”, explicou Nascimento.
Registro de CAC cassado
Outro ponto destacado pelo delegado é o fato de todas as quatro armas apreendidas na casa do assassino estarem registradas em nome da vítima. “O suspeito teve seu registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) cassado por conta de episódios anteriores de violência doméstica. Ele fez com que a companheira registrasse as armas em nome dela”, afirmou.
Diante da soma dos fatores, contradições nas versões, histórico de agressões, estado de embriaguez, dinâmica do crime e indícios de premeditação, o delegado optou por autuar o suspeito em flagrante por feminicídio.
“A espingarda calibre 12 não dispara com facilidade. É necessário manuseio específico para que ocorra o disparo. Considerando o contexto, entendemos que não se tratou de um acidente, e sim de um ato intencional que culminou na morte da vítima”, concluiu.