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Homem controlador e ciumento: delegada revela traços comuns entre autores de feminicídio

Maryelle Campos

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Marielly Campos

Em entrevista exclusiva ao Muvuca Popular, a delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, traçou o perfil do feminicida: geralmente um homem  ciumento e controlador. O alerta vem em meio a um cenário alarmante – apenas em junho de 2025, Mato Grosso já contabiliza pelo menos 10 casos de feminicídio, revelando a escalada da violência de gênero e reforçando a posição do estado entre os mais perigosos do país para as mulheres.

A delegada explicou que os casos envolvendo esse tipo de crime são motivados  pela perda de controle do homem sobre a mulher. “Quando vai pesquisar e entender o porquê do crime, a gente verifica que sempre se trata da vontade da mulher que não foi respeitada e o homem não concordou.  Então, se a mulher decide terminar o relacionamento e diz que não aguenta mais viver uma violência doméstica, por exemplo, não é admitido, porque o homem que precisa ter o controle sobre ela”, explicou.

“Nós vivemos em uma sociedade muito machista, em que se naturalizou e naturaliza comportamentos de controle dos homens sobre os corpos das mulheres”. Marcondes ainda enfatizou que o crime é o ápice das violências domésticas,  resultado da cultura machista e patriarcal, em que os homens se veem no direito de dominar a mulher para defender a sua honra.

“É uma sociedade que ainda está baseada no sistema patriarcal, em que há o controle sobre o comportamento feminino, sobre para onde esse corpo vai, como esse corpo veste, o que esse corpo fala, o que esse corpo faz e cria regras sobre esse corpo feminino. Então, quando a mulher foge dessa lógica de dominação de controle é quando ocorrem as violências”, afirmou. Ela ainda destacou que é esse tipo de pensamento que faz com que as mulheres não consigam sair de relacionamentos violentos, justamente porque são vistas como propriedades por seus parceiros.

Marcondes diz que é necessário conversar com os homens para explicar que a honra não está ligada ao comportamento de suas companheiras. “Nós precisamos falar sobre isso, do controle dos homens porque há, ainda, quem  considera o corpo da mulher a sua propriedade e que a sua honra masculina está intrinsecamente ligada ao comportamento feminino. Então, se ela decide terminar o relacionamento, isso vai interferir diretamente na honra desse homem. A honra de cada pessoa está ligada na conduta dela própria”, destacou durante a entrevista.

Ela ainda apontou que para fugir desse cenário de violência, é preciso que os homens entendam que a mulher deve ter a sua liberdade e autonomia. “Não é só não vou bater, mas permitir a autodeterminação da mulher que está do lado, ou seja, vai trabalhar noite, ela malha noite, ela sai à noite, ou seja, ela tem uma vida que não é controlada pelo parceiro, e isso é respeito de verdade”, explicou.

Para romper esse ciclo, a delegada é objetiva, o respeito real exige que os homens abandonem práticas de vigilância.: “não monitorar o celular, não monitorar as amizades dela, não cortar os vínculos que tem com família, com amigos, então a gente tem que falar sobre isso, o homem não precisa, ter o controle da mulher pra ser homem, e se ele for traído, não estamos falando do caráter dele, mas da honra da outra pessoa”, finalizou.

Números preocupantes

Segundo dados do Mapa da Segurança Pública, em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas do crime de feminicídio no Brasil, o que significa que morreram quatro mulheres por dia. Em Mato Grosso, o cenário é alarmante. Com a maior taxa entre todos os estados do país, Mato Grosso ocupa o primeiro lugar no ranking, só em 2024 foram 47 vítimas.

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