MALDADE EXTREMA
Delegado relata falsificação de exames de criança de 5 anos que morreu; biomédico atua como assessor parlamentar
Da Redação

Durante coletiva na manhã desta sexta-feira (15), o delegado Rogério da Silva Ferreira, da Delegacia do Consumidor, revelou detalhes alarmantes da operação que resultou na prisão do biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, que é responsável técnico pelos laboratórios Bioseg, com sedes em Cuiabá, Sorriso e Sinop. A ação, batizada de Operação Contraprovas, também cumpriu mandados de busca e apreensão. Igor atua como assessor da Câmara Municipal de Cuiabá.
De acordo com o delegado, os exames coletados pela rede de laboratórios eram, em muitos casos, simplesmente descartados sem qualquer análise real. Um dos suspeitos presos é apontado como responsável direto por inserir manualmente resultados “dentro da normalidade” nos sistemas, emitindo laudos falsos que acabavam orientando o tratamento de pacientes de forma completamente equivocada.
“Os exames coletados pela rede de laboratórios eram pura e simplesmente descartados sem a realização das análises. Um dos suspeitos no caso, que foi preso hoje, falsificava os resultados dos laudos, colocava resultados dentro da normalidade e, com isso, emitia laudos totalmente falsos, o que não parava os médicos no tratamento de seus pacientes”, afirmou o delegado.
Entre os casos mais graves investigados está o de uma menina de cinco anos, vítima de um acidente no interior do estado. A criança ficou internada em Cuiabá e, posteriormente, foi transferida para tratamento em regime de home care. Segundo ex-funcionários da Bioseg, todos os exames feitos por ela durante o período teriam sido falsificados.
“As investigações apontaram situações gravíssimas, como por exemplo o caso de uma menina de cinco anos de idade, vítima de um acidente no interior do estado, que ficou internada em Cuiabá e depois passou para tratamento em home care. Ex-funcionários dessa rede de laboratórios disseram que todos os exames que essa criança fez foram falsificados pelos sócios da empresa. Essa criança veio a óbito em dezembro de 2024”, relatou Rogério.
Embora não haja, até o momento, comprovação de que a falsificação dos exames tenha causado diretamente a morte da criança, o delegado ressaltou a gravidade da conduta dos envolvidos. “Não há uma correlação entre o fato – pelo menos não há uma correlação ainda — entre os laudos falsificados e o falecimento. O estado dela era grave, mas isso não deixa de dar uma gravidade extrema à conduta dos sócios da empresa”, disse.
Durante as buscas realizadas nesta sexta-feira, a Polícia Civil apreendeu duas armas de fogo, munições, moeda estrangeira e uma série de documentos e anotações na residência de um dos investigados. Na sede da Bioseg em Cuiabá, foram localizados contratos com diversas prefeituras e órgãos públicos, o que pode ampliar o escopo das investigações.
A operação também resultou na interdição judicial das três unidades do laboratório, na suspensão do registro profissional do biomédico preso, e na proibição dos sócios da empresa de firmarem contratos com o poder público.
As investigações continuam e novas denúncias estão sendo apuradas. A Polícia Civil orienta que pacientes ou familiares que desconfiem da veracidade de exames realizados na rede Bioseg procurem a Delegacia do Consumidor para prestar esclarecimentos.