SAÚDE MENTAL NO TRABALHO
Saúde Mental e Produtividade: o que a nova NR-1 revela e como podemos agir agora
Por Tabata Mazetto
Nos últimos anos, a saúde mental deixou de ser apenas pauta de conscientização para se tornar uma exigência legal no mundo corporativo. A recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) determina que, a partir de maio de 2025, todas as empresas devem incluir riscos psicossociais e fatores emocionais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Isso significa que questões como estresse, assédio moral, sobrecarga mental e outros gatilhos emocionais terão o mesmo peso que riscos físicos ou ergonômicos. Embora as penalidades só passem a valer em 2026, o momento de agir é agora, porque deixar para depois pode custar caro, tanto financeiramente quanto em termos humanos.
Como psicóloga, vejo esse avanço não apenas como um marco jurídico, mas como uma mudança cultural. Agora, empresas têm respaldo e responsabilidade para identificar, prevenir e intervir em questões que afetam diretamente a produtividade e o clima organizacional. Estudos comprovam essa relação: equipes emocionalmente equilibradas produzem mais, cometem menos erros e permanecem por mais tempo na empresa.
Segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association), cerca de 72% dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas relacionados ao estresse, cenário que eleva afastamentos e reduz desempenho.
O desafio está no fato de que problemas emocionais não se resolvem apenas com procedimentos ou checklists. É preciso sensibilidade para mapear gatilhos, criar ambientes emocionalmente seguros e adotar estratégias eficazes no dia a dia corporativo. Uma ferramenta que utilizo e recomendo é a aromaterapia.
Com eficácia comprovada por pesquisas científicas, a aromaterapia pode reduzir a ansiedade, melhorar o foco e promover bem-estar no ambiente de trabalho. Diferente de práticas como mindfulness, yoga ou meditação, que dependem da participação ativa do colaborador, a aromaterapia atua de forma passiva: basta estar no ambiente para sentir os benefícios. Assim, mesmo após o fim de uma palestra ou treinamento, os efeitos positivos continuam.
Pesquisas internacionais indicam que ambientes sensorialmente agradáveis podem elevar a produtividade em até 25% em determinadas tarefas. Além disso, uma revisão publicada no Journal of Alternative and Complementary Medicine mostra que a inalação de óleos essenciais pode reduzir a frequência cardíaca e a pressão arterial, reforçando o papel estratégico da aromaterapia, que vai muito além de um detalhe decorativo.
Cuidar da saúde mental não é luxo, é investimento. Empresas que implementam ações consistentes não apenas cumprem a lei, mas conquistam um diferencial competitivo para atrair e reter talentos. Afinal, passamos grande parte da vida no trabalho. Transformar esse espaço em um ambiente saudável e emocionalmente seguro é mais do que uma obrigação legal: é um compromisso humano.
*Tabata Mazetto, Psicóloga e Aromaterapeuta pela Escola de Medicina Psicossomática