ESVAZIAMENTO EMERGENCIAL
Problemas na Hidrelétrica de Colíder causam prejuízos de mais de R$ 6 milhões em cidade do Nortão
Thalyta Amaral e Maryelle Campos
O rompimento de quatro dos 70 drenos da Usina Hidrelétrica de Colíder (650 km ao norte de Cuiabá) já está trazendo prejuízos significativos para a região. Apenas no setor de turismo, estima-se que as empresas deixaram de arrecadar cerca de R$ 6 milhões, em razão do esvaziamento emergencial da barragem. Além disso, os municípios da área de influência da usina deixarão de receber a compensação financeira pela geração de energia.
“Só para ter uma ideia, as empresas de turismo, nesse período de 45 dias em que poderiam operar durante a temporada de pesca, já acumulam aproximadamente R$ 6 milhões em prejuízos. Para os municípios, o impacto também é grande, já que haverá queda na geração de energia”, explicou o prefeito de Colíder, Rodrigo Benassi (PRD).
“As pousadas e toda a rede de turismo que sobrevive da atividade estão extremamente preocupadas porque, por determinação técnica, foi necessário reduzir o volume de água do reservatório, devido ao risco que ele representava à população”, afirmou a deputada estadual Janaina Riva (MDB).
Em Alta Floresta (803 km ao norte de Cuiabá), a prefeitura cancelou o Festival Viva Floresta, que seria realizado em setembro na praia Porto de Areia, justamente em razão do esvaziamento do lago da usina.
“A decisão foi tomada com base em critérios técnicos e nas informações repassadas pelos órgãos competentes, priorizando, acima de tudo, a segurança da população local e dos visitantes”, destacou a nota oficial divulgada pelo município.
Como medida de emergência, o nível do reservatório foi rebaixado para 17 metros, condição que deve permanecer por 33 dias. Em fevereiro deste ano, um dos drenos já havia apresentado problemas, mas foi reparado. A atual concessionária da usina, a Eletrobras, assumiu a administração em maio.
Além das perdas no turismo, os municípios da região também serão impactados pela queda da arrecadação oriunda da compensação financeira pela geração de energia. Em Colíder, o valor mensal é de aproximadamente R$ 100 mil, enquanto em Itaúba (600 km ao norte de Cuiabá) a cifra ultrapassa R$ 400 mil e em Nova Canaã do Norte (699 km ao norte) o pagamento é de cerca de R$ 60 mil por mês.
Diante da gravidade da situação, o Ministério Público do Estado (MPE) instaurou investigação para apurar as condições de segurança da hidrelétrica. O órgão solicitou à Eletrobras relatórios técnicos detalhados sobre os problemas ocorridos nos drenos e as medidas já adotadas. Também pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Agência Nacional de Águas (ANA) informações sobre as fiscalizações realizadas, bem como eventuais multas aplicadas.