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A família, os negócios e o Estado: um alerta aos empreendedores

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(Caio Coppolla, publicado na Revista Oeste em 28 de outubro de 2022)

 

Dos grandes empresários aos MEIs, passando pelos donos de pequenos negócios, pelos produtores rurais e pelos profissionais liberais, há algo que une todos os 43 milhões de trabalhadores que ganham a vida emitindo nota fiscal, como pessoa jurídica: eles são grandes tomadores de risco — não possuem os benefícios do funcionalismo público, não têm direito às indenizações previstas na lei trabalhista e ficam à mercê da maré econômica, com seus altos e baixos. Mas há outro grave risco à espreita do empreendedor, um risco que pode se materializar nas eleições deste domingo.

No dia a dia, nossa atenção é dividida entre a vida pessoal e a vida profissional. Se você se dedica demais à família e negligencia seus negócios, sua fonte de renda escasseia e seus entes queridos sofrem — é um paradoxo, mas às vezes estar ausente, trabalhando, é a maior demonstração de amor presente que pode existir. Por outro lado, se você se dedica demais aos negócios e negligencia a família, seus lucros jamais compensarão os prejuízos desse tempo perdido. Pior ainda se a sua empresa for um negócio familiar: aí a ausência no lar pode atrapalhar a formação dos sucessores e provocar a ruína do empreendimento na geração seguinte — é aquela velha história: “avô rico, filho nobre, neto pobre”.

O fato é que esse equilíbrio entre família e negócios é complexo e delicado. Contudo, ainda que você cuide da família e cuide dos negócios de forma exemplar, se você descuidar do Estado ele vai se voltar contra os seus negócios e contra a sua família. Esse é o risco à espreita ao qual nos referimos: se o empreendedor abandonar os destinos do país à própria sorte, o governo vai se voltar contra ele, machucando-o onde costuma doer mais: no bolso, prejudicando os negócios, e no coração, prejudicando a sua família.

Um dos motivos de o Brasil ainda não ter realizado seu pleno potencial é simples: muitos dos nossos melhores cuidaram apenas dos assuntos particulares, largando as questões da vida pública aos cuidados de muitos dos nossos piores — foi assim que mentirosos, malandros e ladrões tomaram conta da política, saquearam os cofres públicos e condenaram grande parte da população à pobreza, por meio de péssimos serviços públicos, da educação ao saneamento básico.

Não à toa, em 2015, o ministro Gilmar Mendes descreveu o aparelhamento das empresas estatais e o método cleptocrata de governança que visava à perpetuação de corruptos no poder; não à toa, em 2016, o ministro Alexandre de Moraes acusou a falta de vergonha na cara de quem roubava bilhões de reais e foi colocado para fora do governo por causa da corrupção. As pessoas honestas e trabalhadoras deste país não participaram desses crimes contra a pátria denunciados publicamente pelos ministros do Supremo. Nossos milhões de empreendedores não tiveram nada a ver com a pilhagem de recursos públicos, mas eles, certamente, sofreram com a consequente recessão econômica, o desemprego, a inflação e o aumento da miséria.

Da mesma forma, a política do “fique em casa, a economia a gente vê depois” fez o Brasil perder mais de 10 milhões de empreendedores em apenas dois anos. Foi um verdadeiro genocídio de empresas e empregos, que empobreceu a sociedade, sem salvar vidas — isso de acordo com estudos de prestigiosas universidades norte-americanas (p. ex. Johns Hopkins), que analisaram os resultados do lockdown em diversos países. No Brasil, a taxa de empreendedorismo total, que em 2019 era de quase 39% da população adulta, despencou para 30% em 2021; mas graças aos nossos “tomadores de risco”, estamos nos recuperando. Segundo o Sebrae, as micros e pequenas empresas foram responsáveis por criar mais de 72% dos empregos no primeiro semestre deste ano. São os nossos empreendedores, salvando a economia do país após decisões equivocadas de prefeitos, governadores e magistrados defensores do isolamento social horizontal e prolongado — uma medida que nunca foi recomendada pela OMS como método primário de controle da covid-19.

A recessão causada por um governo corrupto e o genocídio de CNPJs fruto da exagerada paralisação econômica na pandemia são provas recentes — e irrefutáveis! — da nossa tese: se o empreendedor cuidar da família e dos negócios, mas negligenciar o Estado, o Estado se voltará contra a família e seus negócios. Então, como pode o empreendedor brasileiro, chefe de família, proteger seu lar e sua fonte de renda contra governos corruptos, intervencionistas e incompetentes?

Idealmente, nossos empreendedores deveriam usar seus talentos a serviço do povo, participando mais da política, candidatando-se a cargos eletivos, entrando para a vida pública ou partidária. Na impossibilidade de doar tempo e energia, que doassem algum dinheiro para ajudar na campanha de candidatos que defendem a proteção da família e as liberdades econômicas. Contudo, a gente sabe que, às vésperas da eleição, já está um pouco tarde para tudo isso… Agora, o que resta aos 43 milhões de empreendedores do Brasil é atuarem como os influenciadores que são, conversando com colaboradores e funcionários e conquistando votos para os candidatos que melhor representam os interesses desse Brasil tomador de risco, que gera riqueza e emprego.

Na eleição à Presidência da República, a disputa é entre duas propostas completamente divergentes. Ao empreendedor, fica a pergunta: qual desses candidatos pode liderar um governo que protegerá sua família? Quem melhor garantirá a lei e a ordem, a redução da violência, o fim da invasão de propriedades, a proibição da venda de drogas, a punição ao tráfico na porta das escolas, e a doutrinação em sala de aula? Da mesma forma, o empreendedor também precisa decidir qual governo criará um ambiente mais próspero para os negócios: qual candidato lutará pela redução de impostos, pela captação de investimentos privados, pela diminuição da burocracia estatal e pela liberdade de negociação entre empregador e funcionário?

Resta confiar no discernimento do empreendedor-eleitor para enfrentar essas questões e votar de forma responsável. Todavia, como um influenciador orgânico e líder nato da sociedade, também cabe ao empreendedor persuadir e mobilizar. Numa eleição tão acirrada, é imperioso que nossos tomadores de risco votem em peso e estimulem todos em sua esfera de influência a também comparecerem às urnas. Afinal, quando é negligenciado e cai nas mãos erradas, o Estado tende a se vingar da população — começando por quem toma risco.

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