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Revista Time exalta Lula como estadista, ignorando seus crimes e discurso extremado

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Revista Oeste

 

Em reportagem publicada nesta quarta-feira (4), a revista norte-americana Time faz um retrato romântico da nova chance de Luiz Inácio Lula da Silva, depois do que chama de ‘exílio político’ do líder de esquerda. A publicação traz o petista em sua capa e descreve o veterano como ‘presidente mais popular do Brasil’.

Em entrevista realizada no final de março, na sede do PT em São Paulo, a Time ignora tópicos mais recentes do discurso do pré-candidato Lula. O texto, assinado pela jornalista Ciara Nugent, não cita o tom de enfrentamento em pautas sobre cancelamento da reforma trabalhista, a benevolência ao aborto, críticas a policiais e a ideia de uma moeda única latino-americana. Igualmente, evita menções a atrasos em comícios, em razão da falta de público. Em contrapartida, destaca em suas páginas um líder empático.

A publicação norte-americana descreve a figura de Lula como um ‘avô jovial’ e se encanta pela oratória do ex-presidente brasileiro. A revista valoriza declarações do petista na batalha contra o discurso de ódio, por exemplo. “Se eu puder, na campanha, falarei apenas de amor”, diz Lula à Time.

A reportagem conta a história brasileira das últimas duas décadas de forma simplificada, resumindo o papel de Lula no ‘petrolão’ ao recebimento do tríplex na praia como propina.

Entre 2017 e 2019, o ex-presidente foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em três instâncias, julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro. No entanto, o petista não foi absolvido pela Justiça brasileira. Em janeiro deste ano, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal arquivou ação contra Lula, em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.

“Uma criança nascida na pobreza se muda para a cidade grande, sobe para liderar um sindicato e se torna o presidente mais popular da história do Brasil moderno. Em seguida, a tragédia: um estadista célebre é apontado em um esquema de corrupção impressionante, enviado para a prisão e forçado a assistir do lado de fora enquanto os rivais desmantelam seu legado”, descreve a reportagem na introdução.

Na leitura do artigo, fica a sensação de uma história em que a esquerda foi tirada do xadrez político à força. Ajudam a reforçar essa visão declarações de personagens conhecidos do espectro progressista, como Guilherme Boulous, pré-candidato a deputado federal pelo Psol, o youtuber Felipe Neto e a documentarista Petra Costa, indicada ao Oscar por um filme sobre o golpe de Dilma Rousseff.

A extrema direita contra o cavaleiro branco

A reportagem da Time faz uma descrição quase sombria sobre o Brasil atual. A revista se refere ao presidente Jair Bolsonaro como um líder de ‘extrema direita’ que debochou do coronavírus. Por outro lado, capricha em clichês a respeito de Lula.

“Saindo do exílio político como um cavaleiro branco, Lula afirma que pode salvar o Brasil desse pesadelo”, escreve a revista norte-americana, em menção a Bolsonaro.

Para a publicação, o petista é, acima do personagem envolvido em casos de corrupção, o líder que “tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena do país”. Já Bolsonaro é retratado como o sucessor que “deu um golpe em tudo isso, descartando políticas que ampliavam o acesso de pessoas pobres à educação” e que “limitou a proteção à Floresta Amazônica”.

Neste trecho, a reportagem ainda destaca a boa vantagem de Lula sobre Bolsonaro e os demais nas pesquisas sobre as eleições de outubro.

Um estadista que critica a guerra e Biden

No trecho final da reportagem, a Time abre espaço para Lula analisar o atual cenário geopolítico. O ex-presidente brasileiro então tece comentários sobre a guerra na Ucrânia e a crise do petróleo enfrentada pela Europa. Tudo isso, com direito a uma crítica à condução da política externa dos Estados Unidos, sob Joe Biden.

“Biden poderia ter evitado a guerra, e não incitado ela (sic)“, comentou. “Ele poderia ter participado mais. Biden poderia ter tomado um avião para Moscou para conversar com o (Vladimir) Putin. Esse é o tipo de atitude que você espera de um líder.”

No pacote de comentários, Lula criticou os aplausos exagerados dos países ocidentais ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, disse que a ex-chanceler alemã Angela Merkel errou estrategicamente ao fechar usinas nucleares e afirmou que as Nações Unidas “não representam mais nada”.

“O Brasil voltará a ser protagonista no cenário internacional e vamos provar que é possível ter um mundo melhor”, diz o pré-candidato, no discurso reproduzido pela repórter da Time, que nas redes sociais disse que o brasileiro foi “muito charmoso”.

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