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Ditadura da Nicarágua cogita romper relações com o Vaticano após declarações do Papa Francisco

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AFP

 

O governo da Nicarágua afirmou, neste domingo (12), que cogita a suspensão das relações diplomáticas com o Vaticano, após o papa Francisco classificar na sexta-feira (10) o governo do país da América Central como “uma ditadura grosseira”.

“Diante das informações divulgadas por fontes aparentemente ligadas à Igreja Católica, o Governo de Reconciliação e Unidade Nacional de nossa Nicarágua (…) afirma que foi considerada a suspensão das relações diplomáticas entre o Estado do Vaticano e a República da Nicarágua”, afirmou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

No breve comunicado, o governo da Nicarágua não deu explicações sobre as circunstâncias que motivaram sua posição, mas sua divulgação ocorre depois que o papa Francisco declarou que o presidente Daniel Ortega tem um “desequilíbrio”, em entrevista ao portal argentino Infobae.

As declarações do pontífice aconteceram poucos dias depois que o governo do país centro-americano decidiu fechar duas universidades ligadas à Igreja Católica.

“Com muito respeito, não tenho escolha senão pensar num desequilíbrio de quem governa”, disse Francisco, referindo-se a Ortega, no poder desde 2007 e sucessivamente reeleito em eleições questionadas pela oposição.

Durante a entrevista, o papa argentino fez referência ao bispo católico Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional.

“Ali temos um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio”, disse Francisco.

O bispo de Matagalpa, de 56 anos, estava detido desde agosto por conspiração e se recusou a ser deportado para os Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país, considerados “traidores do país” pelo governo de Ortega.

“É algo que está fora da realidade que estamos vivendo, é como se estivesse trazendo de volta a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935 (…) É um tipo de ditadura grosseira”, criticou o papa.

A Nicarágua enfrenta uma onda de condenações da comunidade internacional pela deriva autoritária de Ortega, que governa com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.

Centenas de opositores foram detidos no país no contexto da repressão que se seguiu aos massivos protestos antigovernamentais de 2018.

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