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E a mulher do Lulinha? Já esqueceram?

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(Madeleine Lacsko, publicado no portal O Antagonista em 05 de abril de 2024)

 

Após silêncios eloquentes, parece que a pauta mudou e ninguém lembra mais do caso de violência doméstica envolvendo o filho do Lula. Só que as pessoas lembram.

A maior lembrança é a da incoerência, provando novamente que investir em lacração é cavar a própria cova política. O identitarismo trouxe para a esquerda o feminismo hashtag, aquele que movimenta rede social, empolga madame metida a ativista mas não tem nenhum efeito prático na vida das mulheres.

Na campanha, Lula dizia que quem bate em mulher tinha é de sair do Brasil. Agora, quando o próprio filho é acusado, fica em silêncio. Outro dia passou o ridículo de usar uma meia com estampa da Frida Kahlo para agradar o feminismo de parque de areia antialérgica.

Nada mais sintomático. É um ícone feminista por ser de esquerda. Mas quem a considera assim ignora convenientemente que a artista viveu submissa em um relacionamento tóxico, aceitando todo tipo de humilhação, até o fato de o amado fazer um filho na irmã dela.

O governo começou com o feminismo para inglês ver. Janja protagoniza a subida da rampa com todas as minorias e isso vira uma foto que anima gringo lacrador. Na prática, as mulheres não ocuparam os espaços prometidos e Lula têm substituído por homens as poucas que chegaram ao topo. Aliás, é o primeiro presidente a reduzir o número de mulheres no STF.

O caso Janja é emblemático do feminismo hashtag. Ela é a empoderada, a feminista que representa a vitória da mulher pelos próprios méritos, competindo em condição de igualdade. No entanto, Janja toma os espaços das mulheres que competiram porque casou com o homem que manda, o presidente. Na prática, a mulher que casou “certo” toma o lugar da que lutou.

No caso da violência contra a mulher, essa trupe infantilóide inventou uma história de que apenas o depoimento da vítima é suficiente para atestar a veracidade de qualquer agressão. Essa história não surge do nada.

Depoimentos de vítimas são sistematicamente desacreditados mesmo quando as pessoas sabem que é verdade e mesmo diante de provas. Eu já passei por isso. Se o agressor for poderoso e puder oferecer algo, gente que te conhece há décadas vai te difamar, inventar histórias e tentar derrubar sua credibilidade. A sociedade aceita isso com muita facilidade. No meu caso, agressor e cúmplices estão por aí, inclusive fingindo que defendem mulheres.

É um problema complexo porque mistura a cultura da malandragem com o machismo. Como resolver? Poucos sabem a resposta, mas a galera que tem a complexidade intelectual do Dollynho achou uma: se a mulher acusou alguém, necessariamente é verdade. Quem for contra isso é fascista.

O resultado é que não resolvemos o primeiro problema e passamos a ter outro, o dos homens injustiçados por falsas denúncias.

Ocorre que, no caso do filho de Lula, quem pregava que a palavra da vítima basta virou a casaca. Agora não basta mais, é preciso esperar as provas.

Teve gente que foi além. Começaram a inventar que a denúncia é falsa, que ela própria mudou várias vezes a versão e até surgiram perfis falsos espalhando a história de que seria de direita e confrontou Lula nas redes.

Gente muito ativa em outros casos simplesmente calou. Estamos falando de um pessoal que exige demissão e cancelamento de outros denunciados por violência ou assédio. É gente que chega ao absurdo de defender prisão de humorista por piada machista.

Qual o limite do humor? É uma pergunta difícil, talvez jamais saibamos. Mas agora descobrimos o limite do feminismo: chama Lula.

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