Espada de 2.300 anos com suásticas é desenterrada em necrópole na França

Live Science

Duas espadas de 2.300 anos descobertas em uma necrópole celta da Idade do Ferro na França “têm poucos equivalentes na Europa”, e uma é decorada com pequenas suásticas, relata o Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP).

Ambas as espadas foram encontradas intactas em suas bainhas. Uma das espadas tem uma bainha ornamentada de liga de cobre projetada para ser usada na cintura. Várias gemas polidas decoram as bordas da bainha, e pelo menos duas das gemas têm desenhos de suásticas.

Embora as suásticas estejam infamemente ligadas ao regime nazista e às atrocidades da Segunda Guerra Mundial, essas suásticas antigas tinham conotações diferentes. As suásticas foram amplamente utilizadas em contextos mediterrâneos, mas esses motivos ornamentais foram apropriados pelos celtas na Europa continental para seu próprio uso no final do século V e parte do século IV a.C., disse Vincent Georges, arqueólogo associado ao INRAP e gerente da escavação da necrópole, à Live Science. No entanto, ele não tem certeza do significado da suástica para os celtas.

Georges e seus colegas encontraram originalmente as espadas e outros bens funerários em 2022 em Creuzier-le-Neuf, uma cidade que agora tem uma população de apenas 1.500 habitantes. Mas durante a Segunda Idade do Ferro (450 a 52 a.C.), Creuzier-le-Neuf estava na encruzilhada da ocupação territorial pelas poderosas tribos celtas Arverni, Aedui e Bituriges. A equipe do INRAP escavou uma área de sepultamento de cerca de 7.000 pés quadrados (650 metros quadrados) que abrigava mais de 100 sepulturas. Mas devido ao solo altamente ácido da região, nenhum esqueleto foi encontrado. Um único enterro de cremação foi descoberto ao lado de um vaso funerário com desenhos perfurados e faixas pintadas.

Quase metade das tumbas tinha ornamentos de metal, incluindo joias. Pulseiras de liga de cobre foram os artefatos mais comuns encontrados nos enterros, mas a equipe também encontrou 18 broches danificados, incluindo um decorado com uma gema polida. A gema é colocada em um disco adornado com prata dourada e desenhos repoussé, ou padrões de design feitos martelando o verso da folha metálica. Foi criado em algum momento entre o final do século IV e o início do século III a.C.

Outro broche tem ocelos, ou marcas semelhantes a olhos, um tema decorativo comum que estava “na moda entre os artesãos celtas” dos séculos V e IV a.C., disse Georges.

Duas espadas raras

Os itens mais marcantes encontrados na necrópole foram as duas espadas bem preservadas. Uma análise de raios-X da lâmina curta cuja bainha tinha as suásticas revelou símbolos embutidos no topo da lâmina – um círculo e uma lua crescente separados por uma linha, sugerindo que ela foi criada no início do século IV a.C.

O sol e a lua crescente “sem dúvida refletem o simbolismo cosmológico” e eram um “conceito sagrado muito difundido ligado a esse tipo particular de espada” na época, disse Georges. Ele observou que simbolismo semelhante foi encontrado em outras espadas celtas, bem como em espadas dos etruscos, que viviam no que hoje é a Itália. Ele acrescentou que os desenhos do sol e da lua também podem ser encontrados em espadas curtas em toda a Europa continental dos séculos III e IV a.C.

A segunda espada era mais longa e sua bainha ainda tem seus anéis de suspensão que permitiam que ela fosse presa a um cinto na cintura. Como algumas das pulseiras, a bainha desta espada tem ocelos.

A espada longa tem “todas as características de uma arma funcional”, pois poderia ser usada por um cavaleiro e sua bainha não era ricamente decorada. Mas a espada mais curta com as suásticas não parece ser funcional, disse Georges. Em vez disso, essa espada provavelmente foi usada como um marcador de poder, incluindo o comando militar.

Ele acrescentou que a espada mais curta é “mais ou menos contemporânea das incursões celtas no norte da Itália e do saque de Roma em 387 aC”, quando os gauleses derrotaram o exército romano na Batalha de Alia, mas “não é possível dizer mais neste momento”.