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Jovem de MT passa em 1º lugar no vestibular mais concorrido do Brasil

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Mais de 2,6 mil km separam a pequena cidade de Colíder, em Mato Grosso, e a capital do Ceará, Fortaleza. Em 2020, o estudante Matheus Marinheiro Spontam resolveu fazer a mudança e, dois anos depois, alcançou seu objetivo: tirou o primeiro lugar geral no vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerado o mais difícil do País.

“Quando eu recebi a ligação dizendo que eu tinha sido aprovado, comecei a pular, gritei com a minha família junto e ficamos muito felizes. É um sonho sendo realizado mesmo”, conta o jovem, que já está no alojamento da instituição fazendo exames de inspeção de saúde e se preparando para estudar engenharia aeronáutica.

Engana-se quem pensa que Matheus começou a estudar apenas no 2º ano do ensino médio. O amor pela matemática, disciplina para a qual ele atingiu nota 10 no vestibular do ITA, vem desde o ensino fundamental, e a rotina de estudos o tornou medalha de ouro nas Olimpíadas de Matemática.

Foi nesse contexto que ele começou a pesquisar sobre o ITA e descobriu que Fortaleza era uma das cidades que mais aprovava no vestibular.

“De primeira, meus pais não queriam deixar porque era muito longe. Com o tempo, fui amolecendo o coração deles. Em 2020, já estava querendo mesmo, sabia que [o Ceará] era um núcleo que reunia gente, que tinha gente parecida comigo, querendo estudar, querendo entrar”.
No vestibular deste ano, Fortaleza foi a cidade com o maior número de aprovações. Sessenta e um jovens que estudavam na capital cearense passaram. Nos últimos 11 anos, em oito deles, a cidade foi a primeira a ter mais aprovações.

Desde 2012, quando estão publicados os dados de aprovação do vestibular do ITA, Fortaleza está em primeiro ou segundo lugar no número de estudantes convocados pela instituição militar. Dos últimos 11 anos, em oito vezes foi a cidade que mais aprovou em todo o Brasil.

Em 2014, a capital atingiu o maior número desde então. Foram 71 estudantes dos 160 convocados naquele ano, ou seja, quase metade. Em 2022, foram 61 dos 150, mais de 40% do total.

Segundo gestores escolares, os altos índices se devem aos alunos, que já possuem uma rotina robusta de estudos, e às próprias escolas e cursos preparatórios, que possuem trabalho de excelência e tradicional na aprovação no ITA.

Para Marcelo Pena, diretor de ensino do Colégio Farias Brito, os resultados passam por atividades de dedicação das áreas técnico-pedagógicas. Desde 1992, a instituição investe na preparação de estudantes e professores voltados a vestibulares como este. Foi lá que Matheus estudou durante o segundo e terceiro anos antes de passar no ITA.

“Acho que existe o valor tradicional no momento em que se percebe que as escolas conhecem bem esses dois vestibulares e podem propulsionar esses alunos uma preparação de altíssimo nível”, diz o professor.

Ele explica que a instituição vem sendo procurada por estudantes de diversos estados do Brasil. “Isso mostra que há uma confiança no trabalho desenvolvido no Farias Brito e no Ceará”.

Da particular para a pública
Até o sétimo ano, Matheus estudou em escola particular, mas se interessou tanto por matemática que pediu aos pais transferência para uma escola pública a fim de disputar a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas).

“Fui para a escola municipal lá na minha cidade e participei da olimpíada. Falo disso porque desde cedo eu já estava criando uma rotina de estudo. Em 2017, consegui medalha de ouro na OBMEP e ficamos muito animados”, conta o estudante.

E tudo isso é questão de preparação, segundo ele. “Não era algo que eu já sabia, veio com o estudo mesmo”, continua. Por gostar muito da área de exatas, Matheus sabia que o caminho ideal a ser trilhado teria números, cálculos e sentenças. O que preconiza um curso de engenharia. Embora tenha pensado em universidades federais, a vontade de se provar era ainda maior.

Valorização cearense

Leonardo Bruno, supervisor das turmas ITA e IME do Colégio Ari de Sá, outra instituição que consegue aprovar estudantes no vestibular, também acredita que o Ceará seja um exemplo no quesito aprovação. A escola investe nessa formação desde a fundação, em 2011, mas a estrutura começou a ganhar mais corpo dez anos depois.

“Primeiro a escola tem que querer, porque é um investimento alto e leva tempo, tem que ter professor e tem que formar o aluno, porque a maior parte tem que estudar de dois a três anos para passar”, afirma Leonardo. Na instituição, a formação também pode começar a partir do primeiro ano do Ensino Médio; se essa for a escolha, o aluno cumpre a carga horária regular com extensão da preparação para o ITA.

Para ele, isso vai além do investimento escolar e da vontade pessoal do estudante. Tudo parte da cultura. “O fato de as escolas investirem nesse projeto, que é de longo prazo é porque elas sentem que tem valorização do povo cearense pela educação. Elas não investiriam se a sociedade não valorizasse isso”.

 

G1

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