Maggi descarta cassino no Malai Manso e critica explosão dos jogos online: “Tiram bilhões dos mais pobres”

O ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que não pretende instalar um cassino no Malai Manso Resort, mesmo que o Congresso Nacional venha a liberar a operação desse tipo de empreendimento no Brasil. Segundo ele, o modelo de negócios não se sustenta no local.

“Não, porque comercialmente não fecha a conta. Aqui não tem estrutura para isso, não tem público. Quem conhece cassino no exterior sabe que o fluxo de pessoas precisa ser muito grande”, disse Maggi. Ele explicou que cassinos dependem de grande rotatividade, com clientes entrando e saindo a todo instante. “A pessoa entra, joga dois, três minutos, perde tudo e vai embora. E aí, quem vem no lugar dela?”, questionou.

Maggi lembrou que foi relator de um projeto sobre jogos no Senado, aprovado em comissão, mas retirado de votação no plenário. À época, enfrentou acusações de que estaria trabalhando para permitir a abertura de um cassino no próprio resort.

“Sempre disseram que eu defendia isso para ter um cassino no Malai, mas eu sempre falei: não acho que funciona”, afirmou.

Ao comentar o avanço recente dos jogos eletrônicos e apostas virtuais, como plataformas de “bets” e cassinos digitais, Maggi fez críticas contundentes. Ele disse que a proliferação dessas modalidades tem retirado bilhões de reais da população mais pobre, que aposta movida pela esperança de obter renda extra.

“Vieram outros tipos de jogos que tiram bilhões e bilhões das mãos dos mais necessitados, que jogam na fé de ganhar algum dinheiro”, afirmou. Maggi disse que o fenômeno já afeta até o setor produtivo. “A economia real sofre. A indústria alimentícia sente queda no consumo. Os juros estão altos, mas as pessoas deixam de abastecer a despensa para jogar.”

O ex-governador defendeu que o Congresso Nacional precisa reagir à explosão desses jogos. “Virou vício, virou algo que na minha avaliação não deveria existir. O Congresso tem que agir”, concluiu.

O tema dos cassinos físicos e jogos online segue em debate em Brasília e deve voltar à pauta legislativa nos próximos meses, especialmente com o avanço de projetos que buscam regulamentar o setor no país.